É um facto incontornável que Gabriel García Márquez já não vai escrever mais nenhum conto e muito menos um romance devido aos seus graves problemas de perda de memória, porém, ficará para sempre a extensa obra daquele que me parece ser o mais fantástico e cativante contador de estórias da América latina.
Esta obra reúne oito textos
repartidos por sete contos e uma novela que dá precisamente o título ao livro,
ao largo de aproximadamente 150 páginas e um preço actual que ronda os 5€ em
praticamente todos os locais habituais. Se já conhece um pouco da obra de
Márquez, se já leu A Hora Má: O Veneno da Madrugada e Cem Anos de Solidão –
aquele que António Lobo Antunes classifica como um romance perfeito – certamente
que reconhecerá o espaço e o tempo destas estórias: estamos, pois, no final do
século XIX/inícios do século XX da famosa aldeia de Macondo, a terra do coronel
Aureliano Buendía e outros ilustres.
O pai do realismo mágico elaborou
aqui – mais um – grande cruzamento entre personagens que vão aparecendo em
vários romances e contos desde, sensivelmente, os anos 60 até ao fim da sua
actividade de escrita: um funeral de uma personagem emblemática rainha de
Macondo, um dentista revolucionário que tira um dente a um coronel
autoritarista, ladrões de bolas de bilhar, pássaros que caem mortos sobre as
casas, um padre que viu o demónio três vezes, um carpinteiro que constrói uma
das maiores e mais belas gaiolas do mundo, uma viúva com saudades do marido
tirano, etc. Tudo isto é Gabriel García Márquez; tudo isto é política,
religião, sociedade, ócio e miséria.
A obra é mais que recomendada
para os fiéis leitores da obra do Nobel colombiano e um excelente ponto de
partida para aqueles que se querem iniciar no universo mágico de Macondo.
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