Poucos pensariam que a banda
conseguiria superar a partida de Jesse Leach, em 2002, pois as expectativas
eram elevadíssimas e Alive or Just
Breathing estava a dar os primeiros passos rumo à conquista do mundo, mas a
verdade é que Howard Jones não só cimentou o nome da banda, como a colocou na
elite do metal moderno.
Fazendo o balanço, ficam três
discos no currículo do ex-Blood Has Been Shed, um registo vocal notável e a
saudade, no entanto Disarm the Descent
assinala o regresso do filho pródigo nas vozes: Jesse Leach, que regressou em
2012. Depois de se ter interessado numa
carreira profissional de bartender e
ter passado por momentos de grande turbulência pessoal e espiritual, Leach
juntou-se em 2010 com Adam Dutkiewicz para gravar The Hymn of a Broken Man com os Times of Grace – suponho que o
projecto tenha terminado -, uma espécie de rampa de preparação para o sexto
disco dos Killswitch Engage da actualidade: muita melodia, bons solos de
guitarra, letras diversificadas centradas no positivismo e um som mais polido.
Killswitch Engage II (2009) revelou-se um desapontamento quer para
o ouvinte, quer para a própria banda, que segundo o que me foi permitido
averiguar, respeitou a vontade do anterior vocalista e apresentou um disco mais
melancólico e sombrio - o único na carreira do quinteto de Massachusetts -,
cambaleando sobre um mar de problemas pessoais e falta de alento que culminaram
com a sua saída; o disco não foi mau, no entanto ficou a sensação de
desperdício de talento por parte de todos os elementos, aliada a uma produção deficiente.
De qualquer das formas, Disarm the
Descent foi produzido novamente pelo guitarrista Adam Dutkiewicz.
Disarm the Descent é um disco muito agradável de princípio ao fim,
recheado de bons solos heavy metal, blast beats ocasionais, refrões orelhudos e
melódicos, acompanhados por bons berros energéticos e vozes limpas, como manda
a tradição. Jesse Leach é actualmente um dos mais versáteis e monstruosos
vocalistas do metal, tal é o alcance e versatilidade da sua voz, explorando as
transições rápidas entre o agressivo e o limpo/melódico, acompanhado em segundo
plano pela habitual voz de Adam Dutkiewicz. No geral, os temas exploram o já
referido positivismo e o carácter do ser humano, a vontade de triunfar e a
paixão de viver com determinação, aconteça o que acontecer – neste aspecto,
continuam a ser uma das bandas mais empolgantes de todos os tempos.
In Due Time, The Hell in Me,
No End in Sight, Beyond the Flames e a
quasi-balada Always são os temas que
destacaria e que espelham a intensidade de um disco que assinala a passagem de
testemunho entre vocalistas. Disarm the
Descent bebe um pouco de Times of Grace e do passado da banda, adequando-se
aos tempos modernos sem defraudar ninguém e capaz de cativar novos ouvintes.
8/10
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