Vira o disco, toca o mesmo. Vinte e quatro anos de carreira, doze discos, mais famosos que os tremoços nas lides do death metal, os Cannibal Corpse continuam praticamente fiéis a si mesmos em termos de composição, letras e sonoridade. Creio que ainda está para vir o dia em que estes nova iorquinos vão decidir incorporar algo melódico, solos neo-clássicos ou participações femininas num disco.
Não mudaram muito, mas as diferenças entre a era Eaten Back to Life/The Wretched Spawn para Kill/Torture são perfeitamente visíveis, e leva uma vantagem muito maior a primeira. Não foi pelas saídas de Chris Barnes e Jack Owen e respectivas entradas de Geoge “Corpsegrinder” Fisher na voz e Rob Barrett na guitarra (este, na realidade, regressou em 2005) já tinha estado que a banda piorou, de facto, se enveredarmos por esse caminho – e comparando os supra-sumo The Bleeding e Tomb of the Mutilated com Vile e Gallery of Suicide – os fãs têm razões mais que suficientes para não se queixarem. Não, o problema foi uma ligeira falta de inspiração para comporem temas notáveis e que tanto fazem as delícias do apreciador deste género musical: Stripped, Raped and Strangled, Meat Hook Sodomy, Staring Through the Eyes of the Dead, Sentenced to Burn, Mummified In Barbed Wire, Hammer Smashed Face, etc.
Torture aposta num groove que, ainda que tradicional na banda, por vezes, se revela demasiado acentuado, deixando de lado a faceta mais extrema do grupo. Há aqui bons momentos de bom death metal e grandes pormenores no baixo por parte de Alex Webster, mas não é menos verdade que nenhuma faixa se destaca muito no disco. Na verdade, o longa duração até começa bem com Demented Aggresion, tipicamente Cannibal Corpse com um ritmo acelerado (nunca será brutal pois o baterista não tem a pedalada necessária), tem presentes alguns bocejos acentuados pela forma de Scourge of Iron, Followed Home then Killed e The Strangulation Chair e temas que, não duvidando de que funcionarão muito bem ao vivo, não trazem nada de realmente novo à discografia. Há aqui, no entanto, bons momentos de death metal típico do conjunto e algum virtuosismo/solos bem conseguidos, mas no final de contas, caem num certo marasmo que, camuflado em Kill, se tornou evidente no anterior disco.
Fiéis à sua sonoridade base, os cinco músicos não conseguiram criar aqui um disco que se esperava, nem a produção por parte de Erik Rutan parece convencer. As letras presentes continuam na ode ao gore e, nesse aspecto, bem mais sangrentas que as doze faixas do disco.
6/10
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