quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Deftones «Koi No Yokan»



Koi no yokan é uma expressão japonesa atribuída a situações em que duas pessoas se apaixonam e têm o pressentimento de que vão ficar juntas até que a morte as separe. É um bonito conceito que encaixa perfeitamente, uma vez mais, num disco de Deftones. Aconteceu sobretudo com White Pony e Diamond Eyes.

White Pony é um dos melhores discos rock de todo o sempre, um disco que trouxe para a ribalta bandas de diferentes quadrantes musicais com aptidões pela experimentação shoegaze e dreampop, e a verdade é que o disco continua fresco e altamente original, 13 anos após o seu lançamento. Deftones, de 2003, revelou-se-me um álbum difícil de entender e apreciar, mas hoje dou-lhe o seu devido valor e reconhecimento. No entanto, não é um WhitePony, nem é isso que o ouvinte deve pedir a uma banda: chocolate é bom, mas os vegetais também fazem falta. Espero que me esteja a fazer entender.

A mais pura das verdades é que este colectivo norte-americano, de Sacramento, se mantém com a inspiração em alta: Koi No Yokan transpira beleza, emana sensualidade, harmonia e um dispersa uma ligeira melancolia misteriosa. Em termos criativos, a inspiração do legado The Cure e de outros monstros da pop/rock dos anos 80 e a sua fusão com o rock melódico adocicado com colheradas de metal, cortesmente servidas pela guitarra de Carpenter, dão um encanto especial ao mundo deftoniano. Ainda assim, convém não reduzir a sonoridade à fórmula matemática thecure+pop/rock+metal, pois isso implicaria mascarar uma banda que soube amadurecer sem ter que seguir as tendências do mercado. Como classificar uma pérola como Leathers? Em termos líricos, é um tema transcendente: «This is your chance… / revolt, resist! Open you chest, look down, reach in / shedding your skin, showing your texture / time to let everything inside show / you're cutting all ties now and forever, time to let everything outside you 

Entre 11 temas fortíssimos, escolher separadamente é como perguntar a uma criança se gosta mais do pai ou da mãe, mas ainda assim espero que as associações de pais e menores espalhadas por este mundo fora não se zanguem comigo: os riffs pesados de Swerve City, o brilho e vida de Leathers, a birra de Poltergeist, a melancolia de Entombed, a hipnose rítmica de Graphic Nature, o refrão de Tempest, e o amor de What Happened to You? Chino Moreno canta e encanta cada vez mais e melhor, é um facto que deve ser mencionado: é assustador conferir a sua evolução desde Adrenaline, mas a audácia e empenho costumam premiar os melhores.

É um pouco subjectivo comprar este disco com o anterior. No entanto, Koi No Yokan alimenta-se de forma ainda mais profunda, mais emocional, comparativamente a Diamond Eyes

9/10

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