A Literatura é caríssima e está em vias de se tornar um luxo para a maioria dos habitantes do nosso país. Se também é verdade que os portugueses não gostam de ler – porque os filmes se vêem mais rápido, não podemos esquecer que as editoras e o Estado têm também a sua quota parte de culpa: um livro na Alemanha custa, em média, 10€, ao passo que por cá ronda os 18€. Tudo isto para dizer que este livrinho me custou apenas 1,90€ - e não me pareceu valer muito mais que isso.
A Estepe é um conto de 160 páginas que retracta a ida de um rapazinho para uma cidade distante e a sua entrada na vida escolar. Nesta viagem pela paisagem ucraniana da estepe, o pequeno Yegorushka de 10 anos é acompanhado pelo tio Ivan Kuzmichov e o padre Sireysky – dois amigos que transportam consigo lã para vender. Neste conto, Chekov revela todo o seu fascínio pela mãe natureza através de elegantes descrições da planície ora alegre, ora lúgubre, pelos olhos de uma criança, abordando igualmente a importância e valores que a educação e o conhecimento trazem ao ser-humano pelos discursos dos dois acompanhantes de Yegorushka. Em termos de acção, a narrativa não evolui muito, pois esta é quase sempre linear e simples; as personagens não são marcantes por aí além, mas encaixam na tradição do autor.
O livro não me cativou muito talvez por ser demasiado clássico ou porque pouco ou nada de excitante acontece no mesmo, mas convém não esquecer que vem de um autor importante dentro da escola russa. Um último reparo à tradução dos nomes russos, inclusive o do autor: porque é que os nossos tradutores o fazem? Será que não deveriam também estender este “aportuguesismo” aos autores de língua inglesa? António Burguês (Anthony Burgess) até que soa giro.
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