Cemitério dos Livros Esquecidos:
round II.
Carlos Ruiz Zafón oferece-nos a continuação
das aventuras fantásticas da Barcelona do início do século passado, desta feita
através do jovem escritor David Martín. A vida deste muda radicalmente no dia
em que conhece um misterioso cavalheiro que lhe oferece uma milionária soma de
dinheiro para escrever um livro: Martín deixa a vida de pobre para viver
faustosamente numa velha casa da torre.
Contextualizando, a estória do romance
passa-se sensivelmente alguns anos antes do romance anterior A Sombra do Vento, nos belos bairros
góticos de Barcelona onde se cruzam Don Gustavo Barceló, a família Sempere, Isaac
Monfort e outras personagens já conhecidas do primeiro capítulo da saga. A Sombra do Vento dá-nos uma Barcelona
airosa, mágica e inesquecível, ao passo que aqui a descrição incide bem mais
numa cidade lúgubre, perigoso e onde o mal pode atacar a qualquer momento, e
este é um dos aspectos que mais marcam a obra.
Quando David Martín se dispõe a
escrever um livro sobre religião e novos mitos para Andreas Corelli, a sua vida
muda radicalmente pois – e sem que o nosso protagonista o saiba – a sua alma
fica amaldiçoada para todo o sempre e várias pessoas à sua volta morrem. Estes pozinhos
de fantasia e oculto que Zafón implementa na obra adensam uma narrativa sombria
mas de diálogos fantásticos e inteligentes, particularmente nas conversas que
Martín tem com Isabella – uma adolescente que quer aprender a escrever livros –,
Corelli e a família Sempere.
Em termos globais, este Jogo do Anjo agarrou-me da mesma forma
que a sua irmã Sombra do Vento, mas
sem me deixar com o queixo tão caído. Agora resta-me ler O Prisioneiro do Céu e fechar a saga em glória.
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