quarta-feira, 15 de maio de 2013

Carlos Ruiz Zafón «O Jogo do Anjo»




Cemitério dos Livros Esquecidos: round II.

Carlos Ruiz Zafón oferece-nos a continuação das aventuras fantásticas da Barcelona do início do século passado, desta feita através do jovem escritor David Martín. A vida deste muda radicalmente no dia em que conhece um misterioso cavalheiro que lhe oferece uma milionária soma de dinheiro para escrever um livro: Martín deixa a vida de pobre para viver faustosamente numa velha casa da torre.

Contextualizando, a estória do romance passa-se sensivelmente alguns anos antes do romance anterior A Sombra do Vento, nos belos bairros góticos de Barcelona onde se cruzam Don Gustavo Barceló, a família Sempere, Isaac Monfort e outras personagens já conhecidas do primeiro capítulo da saga. A Sombra do Vento dá-nos uma Barcelona airosa, mágica e inesquecível, ao passo que aqui a descrição incide bem mais numa cidade lúgubre, perigoso e onde o mal pode atacar a qualquer momento, e este é um dos aspectos que mais marcam a obra.

Quando David Martín se dispõe a escrever um livro sobre religião e novos mitos para Andreas Corelli, a sua vida muda radicalmente pois – e sem que o nosso protagonista o saiba – a sua alma fica amaldiçoada para todo o sempre e várias pessoas à sua volta morrem. Estes pozinhos de fantasia e oculto que Zafón implementa na obra adensam uma narrativa sombria mas de diálogos fantásticos e inteligentes, particularmente nas conversas que Martín tem com Isabella – uma adolescente que quer aprender a escrever livros –, Corelli e a família Sempere.

Em termos globais, este Jogo do Anjo agarrou-me da mesma forma que a sua irmã Sombra do Vento, mas sem me deixar com o queixo tão caído. Agora resta-me ler O Prisioneiro do Céu e fechar a saga em glória.

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