domingo, 7 de julho de 2013

James Joyce «Retrato do Artista Quando Jovem»



James Joyce, autor de uma das obras mais difíceis de traduzir de que há memória – Ulisses -, estreou-se nos romances com este seu retrato semi-autobiográfico, na pele do jovem Stephen Dedalus, em 1916, marcando um período de ouro no panorama literário mundial. Embora nem sempre compreendido e reconhecido enquanto vivo, o James Joyce “post-mortem” é hoje considerado um dos maiores génios que a cultura viu nascer.

Esta obra retrata a vida da personagem Stephen Dedalus – da mitologia grega Daedalus, visto por muitos como o alter-ego de Joyce -, a questão da Irlanda em relação ao domínio britânico, a liberdade intelectual individual, a arte, a estética e o papel da religião/cristianismo. Igualmente, Joyce assinala nesta obra a consistência do uso do fluxo de consciência - técnica utilizada por outros ícones do modernismo, como José Saramago e William Faulkner, entre outros -, que remete o leitor ainda mais para o interior da personagem e os seus pensamentos e atitudes; estes diálogos carregados de ideias, que tantas questões levantam no ser de Stephen Dedalus, abrilhantaram ainda mais a sua obra e o carácter semi-autobiográfico instrospectivo de Dedalus – embora muitos acreditem que Dedalus é James Joyce a cem por cento.

O Retrato do Autor Quando Jovem, aborda na minha óptica as questões apontadas no parágrafo anterior, assim como a epifania do despertar na vida de uma personagem que cresce no seio de uma família católica, como a esmagadora maioria dos irlandeses, que estuda num colégio igualmente católico, até ao dia em que Dedalus põe em questão a autoridade que o cristianismo coloca sobre a sua liberdade sócio-intelectual e artística – daqui provém o “artista” do título da obra, suponho; este questionar num indivíduo que a certa altura equaciona dedicar-se ao ensino da doutrina cristã e é bafejado com a visão de uma linda mulher, marcam e de que maneira uma obra muito bem escrita e estruturada, ainda que sofra a espaços de alguns momentos entediantes, como o caso dos diálogos entre Dedalus e algumas figuras da Igreja católica.

Uma obra plena de simbolismo recomendada a todos os amantes da grande Literatura.

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