O primeiro contacto que tive com a banda foi há cerca de três anos, na apresentação do split Bipolar, com os EAK e devo dizer que, apesar de ter apreciado os seis temas presentes no disco, havia algo mais que podiam fazer. Mal sabia eu – e muitos outros - o que me esperava para os finais de 2010.
Nos últimos anos houve bandas que se limitaram a fazer o mesmo e a quererem imitar o que lá fora se vai fazendo, sem quererem alcançar algo de único e uma identidade própria. Foi com felicidade que fui descobrindo sonoridades com um nível de experimentação elevado em The Firstborn ou ThanatoSchizO e, melhor ainda, constatar que ao vivo essas bandas funcionam com uma coesão e uma espontaneidade assinalável, tal como os Crushing Sun conseguem fazer. Esta banda tem marcado presença pelos palcos portugueses há mais ou menos sete anos e só agora o mérito lhes começa a pouco e pouco a ser atribuído, fruto deste magnífico trabalho que é TAO, que vai perseverando mesmo apesar de a banda não ser nem de Lisboa ou do Porto, mas sim da pequena cidade de Vila do Conde.
O título do álbum é uma clara alusão à filosofia/religião oriental taoista que assenta na busca de um caminho (“tao” significa “caminho”) a ser seguido, o caminho da simplicidade obtida nos sentidos, na intuição e na natureza. Este caminho aqui está dividido em onze passos bem ponderados, estruturados, e todos interligados entre si com músicas de uma maturidade que não é natural encontrar-se num álbum de estreia, na medida em que se nota perfeitamente que os quatro músicos pensaram em criar algo próprio e não quiseram acelerar ou encurtar o processo de escrita. Todas as faixas são potentes e técnicas (sem entrar na cacofonia daquelas bandas assumidamente “progressivas”, cujos membros parecem estar a tocar para si mesmos 99% do tempo), primam pela ausência de refrões orelhudos e causam sentimentos com boa probabilidade de criar referências musicais a uns Meshuggah, Decapitated, Black Sheep Wall, Coalesce ou Gojira. Mas no final, nada passa disso, dessa mesma probabilidade.
Tenho a certeza de que este registo vai demorar bastante até ser reconhecido no país de origem e também de que as hipóteses de causar mais impacto e reconhecimento no mercado estrangeiro são maiores. TAO é um registo que dificilmente entra à primeira no ouvido e na mente: é bastante obscuro, perfeccionista, rude, melódico, variado e introspectivo para tal efeito.
9/10
Simão,
ResponderEliminarCom um texto (como é habitual) fantástico, tive curiosidade em espreitar a referida banda "Crushing Sun", confesso que (não sendo eu apreciador, como sabe, deste estilo de musica) a instrumentalização deste grupo (s/ a voz) remete-me para o universo Smashing Pumpkins.
Fara isto, que digo, algum sentido?
Olá, Henrique
ResponderEliminarAntes de mais, obrigado pelas palavras! :)
Hmmm smashing pumpkins faz-me lembrar boa música, tal como a dos crushing sun! mas o som é bastante diferente :D Viu o vídeo da T. Hatcher, foi?
Ta boa! Mete a minha a um canto :P
ResponderEliminar(http://ohibernaculo.wordpress.com/2010/11/26/crushing-sun-tao/)
Olá, V. Obrigado pelo teu comentário.
ResponderEliminarEstive a ler a tua review e achei interessante e descontraída, por isso, parabéns e continuação de bom trabalho.