terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Deftones «Diamond Eyes»


Por vezes questiono-me por que motivo há bandas que teimam em fazer algo que se situa entre bons a excelentes álbuns e, pior ainda, por que razão não têm um único álbum mau na discografia. Os Deftones são um desses raros casos: o tempo passa (vinte anos), os álbuns saem (seis), o meu dinheiro fica nas lojas, as músicas ficam no ouvido e fico sempre feliz sempre que ponho o disco a tocar. Não há direito.

O tempo pode voar, fazer asa-delta ou o que bem que lhe apeteça, mas o facto é que desde o lançamento da obra-prima da banda, White Pony, este é o disco que mais me cativa e que mais tempo de escuta leva (atendendo à sua ainda existência) - sem qualquer desprimor para Deftones ou Saturday Night Wrist – e que a pouco e pouco me vai recuperando as memórias da adolescência, da acne, e dos tempos em que perdia tempo a ver videoclipes dos singles da obra-prima. Diamond Eyes é o primeiro registo da banda sem o carismático baixista Chi Cheng, vítima de acidente de viação em 2008, substituído por Sergio Vega da banda de post-hardcore Quicksand e tal como acontece em todo o material de Deftones, requer várias audições para que a essência seja bem recebida e compreendida. Diamond Eyes é um disco bastante eclético, suave e carregado de emoção (Sextape), a espaços directo (CMND/CTRL) e no geral apaixonante (Beauty School). Um exemplo de que na simplicidade está o ganho é a faixa de abertura, com o mesmo título do álbum: apesar de seguir a estrutura típica de uma canção pop (verso/refrão, verso/refrão, verso/refrão) e de entrar facilmente no ouvido, é um faixa excepcional e de uma beleza e letra que transcende.  

As letras em muitas bandas acabam por passar despercebidas e por vezes algo irrelevantes, ao passo do processo criativo escrito e visual dos Deftones que neste disco recuperam bastante o imaginário e a temática de White Pony, focando-se na paixão, erotismo, positivismo e fantasia, não descurando também um pouco da agressividade da vida. A produção a cargo de Nick Raskulinecz (que já trabalhou com bandas como Foo Fighters ou Alice In Chains) está no mesmo patamar da que Terry Date efectuou no “pequeno pónei”. Um disco que mal termina, dá vontade de fechar os olhos e ouvir novamente.

8.5/10

1 comentário: