Se há autores cuja popularidade corresponde e até ultrapassa o talento, um desses autores será seguramente Paul Benjamin Auster. Este norte-americano, nascido em Newark em 1947, tem vindo a construir uma carreira literária repleta de prémios e de obras repletas de sucesso, onde se podem facilmente destacar The Book of Illusions, The New York Trilogy, The Music of Chance, Invisible e este The Brooklyn Follies.
Focando-nos apenas em The Brooklyn Follies, a personagem principal Nathan Glass é um homem solitário, de cinquenta e nove anos, divorciado e que passou a vida inteira trabalhar no ramos dos seguros, uma das actividades mais lucrativas que existem nos Estados Unidos. Nathan regressa agora às suas origens em Brooklyn, doente com um cancro nos pulmões e com o objectivo de encontrar um fim tranquilo para a sua triste e miserável vida. Contudo, Nathan não tenciona suicidar-se e vai escrevendo muitas das loucuras e acontecimentos da sua vida no seu The Book of Human Follies.
Ironicamente, o plano de Nathan acaba por falhar. A nossa personagem rapidamente mergulha dentro do espírito alegre e caricato que o bairro de Brooklyn comporta, onde encontra o seu sobrinho Tom, brilhante aluno académico que abandonou os estudos para trabalhar como taxista e depois como empregado numa livraria de livros usados e raros. A vida de Tom é monótona. Tom é monótono. É o reencontrar de Nathan com Tom e o aparecimento misterioso de Lucy, filha de Aurora e sobrinha de Tom, que desencadeia a estória principal deste romance. Nathan e Tom embarcam numa viagem repleta de acontecimentos cómicos, trágicos e insólitos à procura do paradeiro de Aurora, uma mulher que acaba casada com um fundamentalista cristão. O viver novamente em Broooklyn e esta viagem acendem novamente o fogo que faltava tanto na vida de Nathan, como na de Tom – ambos renascem.
Temporalmente, The Brooklyn Follies passa-se durante as eleições norte-americanas de 2000 que G.W. Bush acabaria por vencer. Auster, um liberal, usa Nathan como espelho desse liberalismo democrata em oposição ao marido de Aurora, o fundamentalista religioso republicano que representa a maioria da sociedade norte-americana. Contudo, no bairro de Brooklyn – um “melting pot” de todas as nacionalidades e credos – o autor dá-nos a sensação de que a vida vale a pena ser vivida e que, apesar da vitória republicana, a liberdade não pode ser afectada naquele bairro.
O positivismo que Nathan e Tom recuperam acaba por tornar a obra muito optimista, por assim dizer, comparativamente a outros romances mais fatalistas que Auster tem no seu repertório. No entanto, o ataque ao World Trade Center acaba por ser uma tragédia e uma derrota para a personagem principal. Um livro com bastantes referências à liberdade social e intelectual norte-americana, cuja escrita é rápida e que dá uma vontade enorme de ler, ler e não mais parar até que a última página chegue.
Nota: esta crítica foi baseada na leitura da obra no seu idioma original, o inglês.
um livro que leria, sem dúvida :)
ResponderEliminarÉ o meu preferido do Auster :)
ResponderEliminarConfesso que ainda não li nada de Paul Auster, mas também confesso que o desejo de o fazer está cada vez maior... Um destes dias fa-lo-ei... Este livro parece ser brilhante... Quem sabe não começo por este mesmo...
ResponderEliminarOlâ, Tânia. Este é o meu preferido de Paul Auster, embora o Invisible me tenha deixado também muito satisfeito. O mais conhecido e mais falado dele é, sem dúvida, o New York Trilogy; também poderá começar por esse mesmo. Se dominar bem o inglês, aconselho a leitura no idioma original, até porque a escrita não é complicada.
ResponderEliminareu que o veja numa livraria :p não escapa!
ResponderEliminarO meu veio da amazon por 6 euros, se não me engano hehe
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