Noah Baumbach tem-se revelado um
realizador/argumentista com talento mais que suficiente para fazer coisas interessantes
no futuro, julgando pelo sucesso de Um
Peixe Fora de Água e este A Lula e a
Baleia. Ainda desconhecido do grande público, a aventura do Capitão Zissou marcou
pontos na área dos dramas independentes e esta película veio apenas reforçar
ainda mais os seus créditos.
Baseado em eventos que marcaram a
vida de Baumbach, o filme passa-se em Brooklyn no final dos anos 80. Narra a
vida da família Berkman, que aos poucos se vai despedaçando sem que as
personagens se apercebam disso, levando finalmente ao divórcio dos pais e consequente
batalha pela custódia e conquista do amor dos filhos. Bernard, o chefe da
família, (Jeff Daniels, Doidos à Solta)
é um professor de literatura e um romancista que se vê sem criatividade para
escrever e pouco empenho e vontade de dar aulas, Joan (Laura Linney, Mystic River) a esposa insatisfeita,
acaba de escrever um romance que lhe outorga elogios de amigos e críticos, Walt
(Jesse Eisenberg, A Rede Social, Bem-vindo à Zombieland), o filho mais
velho, é um adolescente inseguro, ainda que ele se tente convencer disso, e Frank
(Owen Kline, Uma
Casa, Uma Vida), o filho mais novo de 12 anos que está a descobrir a sexualidade.
Bernard é o patriarca autoritário
desta família, pois põe os filhos em aulas de ténis contra a vontade destes – e
curiosamente, quando Frank decide envergar por uma carreira profissional de tenista,
Bernard é o primeiro a contrariá-lo -, decide aquilo que a família deve ou não
ler e apelida de filisteus aqueles que não lêem; Joan, ao sentir que as coisas
não melhoram e que o amor para com o marido é meramente formal, trai-o com Ivan
(William Baldwin, Linha Mortal), o
professor de ténis dos filhos. O divórcio surge de formal natural, sem qualquer
tipo de zangas, e Joan e Bernard chegam à conclusão que ele deve alugar uma
casa no mesmo bairro e que os filhos dormem um dia na casa de Bernard, outro dia
com Joan – incluindo o gato da família. Como é óbvio, isto cria tensões e um
clima de posse, para não falar de algum distanciamento entre os filhos e os
pais, visto que Frank e Walt têm os seus problemas de adolescentes para
resolver: Walt, a conselho do pai, decide testar o poder que tem sobre a
namorada – que ele acreditar ter, isto é - e Frank descobre o mundo da
masturbação. No fundo, Bernard incute e impõe um pseudo-intelectualismo na
família, ignorando que a está a fragmentar.
A Lula e a Baleia é um drama alegre com momentos deveras
descontraídos, inserindo-se num cenário e tempo extremamente adequados à
temática em que a película se insere, contando ainda, claro, com prestações
muito boas de um elenco que tem um desempenho enorme em determinadas situações
– por exemplo, quando Walk plagia na íntegra um tema dos Pink Floyd e o toca
perante a família e a escola, sem que ninguém se aperceba da cópia. Um filme a
não perder, claro.
Título original: The Squid and the Whale
Realização: Noah Baumbach
Argumento: Noah Baumbach
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