segunda-feira, 4 de abril de 2011

The Dillinger Escape Plan «Miss Machine»


Seguido de muito perto por You Fail Me dos Converge, este foi o melhor álbum de 2004. Por vezes, gravar em estúdio um grande álbum, é coisa que muitas bandas conseguem fazer, no entanto, poucas são aquelas que trazem o impacto e o caos do estúdio para a estrada, para o palco. Nesse aspecto particular, o quinteto norte-americano é um caso bem raro. Prova clara desse aspecto foi o concerto que deram no Festival Ilha Ermal de há seis anos atrás.

O som desta banda é frequentemente associado ao termo “mathcore”, sub-género musical do hardcore com influências da vertente mais rápida do mesmo – o grindcore –, rock tecnicista e compassos de bandas como Tool e Meshuggah. Os Botch e os Starkweather aparecem sistematicamente referidos como os criadores do estilo. Mas em Miss Machine e em todos os outros trabalhos que se lhe seguiram, há todo um conjunto de melodias pop, da costela industrial dos Nine Inch Nails e de Trent Reznor, do experimentalismo cacofónico dos projectos de Mike Patton (Fantômas, Mr. Bungle, etc) e claro, do psicadelismo da estrutura das canções dos Tool. Não é fácil fundir tanto estilo musical díspar, mas a perseverança e criatividade dão os seus frutos.

Miss Machine apresenta um som complexo, com bastantes mudanças de ritmo e intensidade, bem mais denso e tão ou mais extremo que Calculating Infitiny – “debut” de 1999. A grande diferença em relação ao registo atrás citado reside nas vocalizações mais limpas, nos tempos mais lentos, na clara influência do rock industrial dos Nine Inch Nails e em temas perfeitamente capazes de passar na rádio. Unretrofied e Setting Fire to Sleeping Giants são dois dos temas que surpreenderam os fás do anterior vocalista, Dimitri Minakakis, pela sua beleza pop e simplicidade estrutural, sem esquecer algumas das raízes. Nesta capacidade de tornar uma canção extrema e igualmente bela e melódica, Greg Pucciato leva vantagem sobre Minakakis, sem dúvida. E não será pelo facto de a banda inventar formas suaves de quebrar barreiras (preconceitos, leia-se) que qualquer mérito possa ser retirado aos rapazes de Jersey.

Os The End, outra banda editada pela Relapse Records, também encontraram espaço para criar um som diferente e original em Elementary, mantendo a sua base principal de seguidores. Voltando a Miss Machine e à questão dos temas ferozes da “primeira era 43% Burnt e Sugar Coated  Sour”, creio que os temas Panasonic Youth, Baby’s First Coffin, We Are  the Storm e The Perfect Design mantém intactos os reflexos involuntários e os espasmos instrumentais que caracterizaram o grupo. É toda esta amálgama de géneros musicais, escalas dissonantes, tempos e variações rítmicas, e o escape ao marasmo musical e previsível que se vai ouvindo que torna Miss Machine num disco perfeito e de referência futura para o rock.

Se nas décadas de 60 e 70 foram os Pink Floyd a ditar as regras da criatividade e fome de música abstracta, a primeira década deste milénio fica marcada pelo trabalho árduo da dupla Dillinger Escape Plan/Converge. Se Frank Zappa fosse vivo, tenho a certeza de que teria muito gosto em ouvir este trabalho. Nota máxima.  

10/10

2 comentários:

  1. Para quando Cult of Luna . Somewhere along the highway / Salvation ?


    [pantOfa]

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  2. O SATH está em lista de espera, juntamente com white pony, jane doe e you fail me. Segue mas é o blog que és lindo :)

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