Passados cinco anos após a morte do baterista Witold "Vitek" Kiełtyka e das saídas do baixista Marcin Rygiel e vocalista Adrian “Covan”, Wacław Kiełtyka recuperou a banda e contratou Kerim "Krimh" Lechner, Rafał "Rasta" Piotrowski e Filip "Heinrich" Hałucha para a bateria, voz e baixo, respectivamente. A incógnita em relação ao que este quarteto poderia fazer em relação ao sucessor de Organic Hallucinosis era mais que muita.
Felizmente, o disco não defrauda ninguém e segue precisamente o caminho do death metal técnico, extremamente pouco ortodoxo, matemático e original que o grupo criou a partir de Nihility e tem vindo a aperfeiçoar. Aqueles que desistiram do grupo após Winds of Creation, ou que ainda alimentam esperanças de encontrar aqui. ou no futuro, um disco parecido com o debut, estão redondamente enganados: estes Decapitated continuam a derrubar cada vez mais as barreiras e as palas do metal, influenciados por algumas técnicas de Meshuggah e estruturas de outros grupos técnicos vanguardistas. Analisando o contributo dos novos elementos, salta à vista a capacidade de reproduzir a batida e o jogo de pés do falecido Vitek por parte de Krimh, um músico jovem (actualmente com 22 anos) e desconhecido das lides do metal extremo, mas com um talento e um grande sentido de dinâmica elevados. Ainda a tentar encontrar o melhor timbre para estas oito faixas está Rafał, o “rasta” que não tem ainda a caixa torácica de Covan, mas que apresenta-se aqui e em palco com um profissionalismo e determinação de meter respeito. O baixo, esse, continua bem entregue, até porque aquando do acidente do final de 2007, Marcin já tinha abandonado a banda.
Canival Is Forever não está ao nível do anterior registo Organic Hallucinosis, um dos trabalhos mais exemplares e excepcionais das últimas duas décadas no que ao death metal diz respeito, mas enche de sobremaneira as medidas do apreciador de longa data destes polacos. A rodela começa a girar ao som frenético de riffs técnicos, complexos e rápidos que a guitarra de Vogg emana em The Knife, claramente um dos temas mais directos e brutais do disco, marcado pela voz gritada e cuspida e acompanhado pela técnica e rapidez de Krimh. O solo de guitarra, o primeiro de vários presentes no disco, sobressai igualmente. Os riffs criativos prolongam-se através de United e começam a se impor e entranhar no tema homónimo, um dos mais lentos e progressivos – se se puder aplicar o termo – do disco; de facto, Carnival is Forever e A View from a Hole (esta aqui no final do disco) são na realidade um festim estimulante enquanto exemplo de coordenação entre as cordas e a bateria- bateria esta que Krimh explora ao máximo em termos de contributo nos seis minutos intensos de A View from a Hole.
Há obviamente outros temas a ressalvar, e longe de mim ignorar aqueles acordes e blast beats de Pest e Homo Sum (dois potenciais singles), mas ao longo deste Carnival Is Forever fica claro que apesar do enorme esforço e empenho que o novo vocalista aplica, o tom mais grave e encorpado de Covan e Sauron encaixavam melhor no som da banda que estes agudos berrados. Seria um exagero grave afirmar que Rafał "Rasta" não está à altura do microfone que segura: acredito que este é o primeiro dos vários bons trabalhos que se seguirão, por isso há que deixá-lo crescer e adaptar-se a um dos melhores grupos do actual panorama do death metal.
Carnival Is Forever é uma bomba-relógio prestes a explodir a qualquer momento, construída com a mestria assinalável do “mestre” Vogg, um dos guitarristas mais brilhantes e originais que o heavy metal “criou” nos últimos tempos… aqueles shreds/solos loucos de 404 ainda ecoam cá dentro.
8/10
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