Há várias coisas que a vida nos ensina e que nos
acompanharão para sempre. Uma dessas experiências, cujos efeitos ainda perduram
até aos dias de hoje, foi o dia em que vi O
Clube dos Poetas Mortos, um verdadeiro, belo e sincero elogio à poesia. “Carpe
diem” é uma expressão demasiado vulgarizada pelos media e pelos escritores
contemporâneos, mas convém recordar que a mesma vem já desde os primórdios da
humanidade. Crê-se que terá sido Horácio, pegando na máxima epicurista do
prazer, o grande dinamizador da filosofia que consiste simplesmente em
aproveitar o dia, viver o momento com alegria. Shakespeare e Walt Whitman-
entre outros - também se encarregaram de dedicar estrofes a esta máxima.
O Clube dos Poetas Mortos passa-se nos Estados Unidos dos anos 50,
numa escola secundária com bastante tradição na formação de alunos que ingressam
na Ivy League norte-americana – Yale, Harvard, Columbia, Princeton, etc -.
Nesta escola não se admite qualquer tipo de pensamento que não se enquadre na
filosofia clássica britânica de um ensino caracterizado pela excelência, boas
maneiras e elitismo. Esta é uma escola frequentada apenas por alunos e
professores do sexo masculino, professores estes obcecados com formação de
génios da Literatura, Trigonometria, Latim e outras disciplinas; aqui, o
pensamento livre não é bem-vindo: tudo o que não estiver nos manuais é
inválido.
No entanto, um dos novos professores da escola, o Professor
John Keating (Robert Williams), mudará para sempre a vida de Todd (Ethan
Hawke), Neil (Robert Sean Leonard), Knox (Josh Charles) e companhia. Este
professor é excêntrico e transmite a estes alunos o valor da verdadeira, da
genuína poesia: senti-la no coração. As aulas do Professor Keating consistem no
desprezo e escárnio pelos manuais dos estudiosos de poesia, indivíduos que
criaram escalas para medirem a qualidade da poesia. Ora, a única regra
necessária para se compreender poesia é precisamente, segundo o professor, esquecer
as regras; tudo na vida é poesia, e a vida deve ser aproveitada ao máximo. “Carpe
diem” significa, como explicado anteriormente, aproveitar e viver a vida no
momento; porém, estes alunos adolescentes entusiasmam-se em demasia com o
significado da expressão e acabam metidos em sarilhos; “carpe diem” não
significa fazer o que nos apetece, mas sim fazer tudo o que pode e deve ser
feito com carinho e respeito pelos que nos rodeiam.
O Professor Keating entusiasma de tal maneira estes alunos,
que eles se interessam pelo passado do docente e descobrem que este fez parte
de um clube de poesia: o Clube dos Poetas Mortos. Neste clube secreto só é
permitido falar sobre poesia e literatura, nada de trigonometrias e latim. No
Clube dos Poetas Mortos declama-se com sinceridade e criatividade, sem espaço
para problemas do exterior. No Clube dos Poetas Mortos toda a poesia é válida,
mesmo aquela que se debruça sobre uma ida ao supermercado.
O Clube dos Poetas
Mortos é um enorme incentivo ao pensamento livre e desrespeito pela elite
que define o que é boa ou má poesia, pelo formalismo no sistema educacional. A
poesia não é como nós, não tem mente. Só tem emoção, pois só há poesia quando
esta vem do coração. A cena final deste filme é arrepiante, e mais não digo.
«O Captain! My Captain!»
Título original: Dead Poets Society
Realização: Pete Weir
Realização: Pete Weir
Argumento: Tom Schulman
Ae, bróder. Também sou chegado à cultura underground. Me adiciona aí no facebook pra gente conversar melhor.
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Falow, abraço!