terça-feira, 27 de novembro de 2012

«O Clube dos Poetas Mortos»



Há várias coisas que a vida nos ensina e que nos acompanharão para sempre. Uma dessas experiências, cujos efeitos ainda perduram até aos dias de hoje, foi o dia em que vi O Clube dos Poetas Mortos, um verdadeiro, belo e sincero elogio à poesia. “Carpe diem” é uma expressão demasiado vulgarizada pelos media e pelos escritores contemporâneos, mas convém recordar que a mesma vem já desde os primórdios da humanidade. Crê-se que terá sido Horácio, pegando na máxima epicurista do prazer, o grande dinamizador da filosofia que consiste simplesmente em aproveitar o dia, viver o momento com alegria. Shakespeare e Walt Whitman- entre outros - também se encarregaram de dedicar estrofes a esta máxima.

O Clube dos Poetas Mortos passa-se nos Estados Unidos dos anos 50, numa escola secundária com bastante tradição na formação de alunos que ingressam na Ivy League norte-americana – Yale, Harvard, Columbia, Princeton, etc -. Nesta escola não se admite qualquer tipo de pensamento que não se enquadre na filosofia clássica britânica de um ensino caracterizado pela excelência, boas maneiras e elitismo. Esta é uma escola frequentada apenas por alunos e professores do sexo masculino, professores estes obcecados com formação de génios da Literatura, Trigonometria, Latim e outras disciplinas; aqui, o pensamento livre não é bem-vindo: tudo o que não estiver nos manuais é inválido. 

No entanto, um dos novos professores da escola, o Professor John Keating (Robert Williams), mudará para sempre a vida de Todd (Ethan Hawke), Neil (Robert Sean Leonard), Knox (Josh Charles) e companhia. Este professor é excêntrico e transmite a estes alunos o valor da verdadeira, da genuína poesia: senti-la no coração. As aulas do Professor Keating consistem no desprezo e escárnio pelos manuais dos estudiosos de poesia, indivíduos que criaram escalas para medirem a qualidade da poesia. Ora, a única regra necessária para se compreender poesia é precisamente, segundo o professor, esquecer as regras; tudo na vida é poesia, e a vida deve ser aproveitada ao máximo. “Carpe diem” significa, como explicado anteriormente, aproveitar e viver a vida no momento; porém, estes alunos adolescentes entusiasmam-se em demasia com o significado da expressão e acabam metidos em sarilhos; “carpe diem” não significa fazer o que nos apetece, mas sim fazer tudo o que pode e deve ser feito com carinho e respeito pelos que nos rodeiam. 

O Professor Keating entusiasma de tal maneira estes alunos, que eles se interessam pelo passado do docente e descobrem que este fez parte de um clube de poesia: o Clube dos Poetas Mortos. Neste clube secreto só é permitido falar sobre poesia e literatura, nada de trigonometrias e latim. No Clube dos Poetas Mortos declama-se com sinceridade e criatividade, sem espaço para problemas do exterior. No Clube dos Poetas Mortos toda a poesia é válida, mesmo aquela que se debruça sobre uma ida ao supermercado. 

O Clube dos Poetas Mortos é um enorme incentivo ao pensamento livre e desrespeito pela elite que define o que é boa ou má poesia, pelo formalismo no sistema educacional. A poesia não é como nós, não tem mente. Só tem emoção, pois só há poesia quando esta vem do coração. A cena final deste filme é arrepiante, e mais não digo.

«O Captain! My Captain!»

Título original: Dead Poets Society
Realização:  Pete Weir
Argumento: Tom Schulman

1 comentário:

  1. Ae, bróder. Também sou chegado à cultura underground. Me adiciona aí no facebook pra gente conversar melhor.

    https://www.facebook.com/Kaic.Aude

    Falow, abraço!

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