Era uma vez um cavaleiro que
salvava donzelas em apuros e matava dragões enormes. Este cavaleiro não tirava
a sua armadura uma vez que fosse, nem mesmo em casa perante a sua esposa e o
seu filho, pois estava de tal forma apegado à armadura que o seu ego o cegava
perante aqueles que queriam o seu bem.
Este cavaleiro, que espalhava luz
e espanto por onde passava, viu-se metido numa encruzilhada: quando deu por si,
a sua armadura estava presa ao seu corpo e não havia forma de a tirar, nem
mesmo com a ajuda do ferreiro da aldeia, que era um dos homens mais fortes do
reino. A sua esposa e o seu filho desconfiavam que era o próprio cavaleiro que
não queria tirar a armadura, mas não era assim, pois o metal não saía pela
força. Então, e pressionado pela sua família – que o fez ver que os as batalhas
eram mais importantes para ele do que a própria esposa e filho – o cavaleiro
partiu em busca de algo que o ajudasse a sair da armadura; na floresta
encontrou Merlin, o mago, que o enviou numa missão de descoberta: o cavaleiro
teria que perder o medo e assim descobriria quem ele realmente era,
libertando-se da armadura. Para terminar a missão, o cavaleiro teria que passar
por três castelos: o Castelo do Conhecimento, o Castelo da Verdade e o Castelo
do Silêncio.
A metáfora aqui é simples e fácil
de explicar: o cavaleiro vivia tanto para os outros, preocupado com o que eles
acham dele e do poder que a armadura que conferia, que acabou preso nela. Agora
mal consegue comer porque o elmo e a viseira estão coladas à cara e vai
perdendo o amor daqueles que verdadeiramente o amam.
Pode parecer um mero conto para
crianças, mas a verdade é que este pequeno livro é uma fonte enorme de
sabedoria e reflexão. O Cavaleiro da
Armadura Enferrujada pode muito bem se encontrar nas secções de auto-ajuda
nas livrarias, mas para mim é uma enorme fábula que lida com os nossos medos e
egos. Uma vez perdidas as máscaras/armaduras, saberemos quem realmente somos.
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