Quer se queira, quer não, a obra
mais bem conseguida de Chuck Palahniuk continua a ser Clube de Combate, um caótico e violento romance sobre a sociedade
consumista norte-americana. O resto da obra deste escritor oscila entre o muito
bom e o desapontante, uma espécie de yin-yang de um autor de culto com alguns
romances adaptados ao cinema.
Choke já foi inclusive adaptado ao grande ecrã por Clark Gregg, em
2008, e creio que este foi um dos factores da minha desilusão em relação ao
romance, pois vi o filme primeiro. Evito sempre ver primeiro os filmes porque
sei que o livro é sempre melhor, ou quase sempre, pois claro; nesta situação, verifiquei
o inverso. Clark Gregg deu um toque diferente às linhas de Palahniuk, conseguiu
criar uma certa ligação entre os ataques fingidos de asfixia de Victor Mancini,
a personagem principal, e o espectador. A experiência mais traumática que vivi
relativamente a pior romance adaptado ao cinema foi sem dúvida alguma Ensaio Sobre a Cegueira, um filme mau
demais para ser verdade, uma conversão directa do romance para o cinema. E é
uma pena, porque um bom realizador teria tornado um dos romances mais marcantes
de José Saramago numa experiência agradável, na pior das hipóteses.
Voltando a Choke, temos na obra a estória de Victor Mancini, um viciado em
sexo sem compromisso que cresceu em lares adoptivos e que reencontra a
verdadeira mãe quando esta está numa clínica às portas da morte. Victor teve
uma infância triste marcada pela ausência da mãe, que passava a maior parte do
tempo em instituições psiquiátricas e a fugir da autoridade, raptando-o várias
vezes para fazê-lo sentir a vida no limite, sem regras, sem ordem. Uma vida
onde o amor não existe e só a dor e a sobrevivência prevalecem. Ora… isto é tão
típico em Palahniuk que já aborrece. É embaraçoso quando um autor que sabemos
ser criador de estórias e personagens cativantes decide cozinhar sempre arroz.
Todos nós gostamos de arroz, mas os legumes também nos são essenciais.
Devido à influência da mãe,
Victor dedica-se a fingir ataques de asfixia em restaurantes para que alguém o
vá salvar, para que a nossa personagem possa agradecer ao novo herói. Este é um
dos mecanismos de defesa da solidão que Victor desenvolveu para sentir o calor
humano – isto e o sexo desenfreado. Todos os dias, Victor recebe cartas e
postais de dezenas de pessoas que o salvaram de uma morte dolorosa, a asfixia, dirigindo-lhe
palavras de conforto e de agradecimento, pois Victor deu-lhes novo alento para
continuarem a vida, acreditando que salvaram de verdade alguém – um exemplo de
puro altruísmo ternurento palahniukiano. Por outro lado, e como já mencionado, Victor
enfrenta problemas relacionados com o sexo compulsivo, maleita que o leva a
frequentar um grupo de pessoas que, tal como ele, não têm controlo sobre si
mesmas. Pessoas que fazem sexo em qualquer local imaginário, sem qualquer tipo
de afectividade, sexo puro e duro. Nem neste grupo Victor encontra a paz, visto
que acaba invariavelmente na casa de banho com as mulheres do grupo.
Choke (em português Choke – Asfixia,
Casa das Letras) é um projecto sem grande chama, sobre um tema interessante e
mal explorado. É tempo de Palahniuk se reinventar, porém, algo me diz que não
será através da sequela de Damned.
Nota: esta crítica foi baseada na leitura da obra no seu idioma original, o inglês.
Nota: esta crítica foi baseada na leitura da obra no seu idioma original, o inglês.
I wish I could understand - still to lazy using translator.
ResponderEliminarBut I love Palahniuk. He is awesome. Choke is great.
Life is so funny, I was just thinking about you.
EliminarI think Chuck's a nice author but 'Choke''s a tad predictable and boring, at times. What did you find of 'Damned'?