Tinha em alta consideração
Gonçalo M. Tavares. Afinal de contas, tinha gostado muito da tetralogia O Reino e, bem, também o escritor foi um
dos vencedores do Prémio José Saramago – aquele galardão que nunca foi
atribuído pelo autor de A Jangada de
Pedra.
Ora, num impulso consumista e
aproveitando as promoções que o final de ano e Natal proporcionam, lá caí na
asneira de comprar os packs de O Bairro
I e II. Esta colecção de micro-contos e aventuras de várias personagens tiradas
do mundo da Literatura, Cinema e Artes em geral é manifestamente um bocejo
matinal prolongado até á noite. Gonçalo M. Tavares tentou ser filosófico e
anedótico, ao mesmo tempo, mas de filosofia isto nada tem. E se estes livrinhos
são para fazer rir, Fernando Rocha é um supra-sumo da comédia se comparado com
Tavares.
«Lemos este livro recordando Lewis Carroll e com a permanente
impressão de estarmos a ser interpelados na nossa lógica de seres, por assim
dizer, normais [...]», escreve o crítico literário José António Gomes
sobre O Senhor Valéry (supõe-se que
seja o poeta Paul Valéry): não, caro José António Gomes, o senhor Valéry não
recorda rigorosamente nada Lewis Caroll. Mas José António Gomes vai mais longe.
Caso contrário, vejamos o que diz sobre Gonçalo M. Tavares: [...] a obra de Gonçalo M. Tavares é um
primoroso exercício de inteligência, de graça e de rigor de linguagem.».
Mentira. Há apenas o rigor de criar historinhas aborrecidas e previsíveis. Ler O Bairro é como comer chocolate sem
açúcar, praticar futebol com uma bola furada, comprar A Bola e esperar imparcialidade.
Uma colecção de pseudo-filosofia / comédia amadora a evitar a
todo o custo.
Olá Simão,
ResponderEliminarDa serie O Bairro apenas li O Senhor Eliot e as Conferências e confesso que gostei bastante.
Não percebo quando escreve "foi um dos vencedores do Prémio José Saramago – aquele galardão que nunca foi atribuído pelo autor de A Jangada de Pedra."
Continuação de boas festas.
Olá, Tiago.
EliminarQuero dizer que nunca foi o próprio José Saramago a atribuir o prémio, mas sim outras pessoas que o fizeram por ele.
Do ponte de vista formal, sim ele não fazia parte do juri, mas Pilar del Rio estava lá. Se Pilar estava, as vontades de Saramago eram certamente as que mais contavam. Valter Hugo Mãe,Tavares, ou Tordo eram todos autores que Saramago convivia, que gostava, que li.
EliminarTambém eu os li, mas VHM é um excepcional dentro desse trio.
EliminarTambém gosto muito de VHM. a máquina de fazer espanhóis faz parte da minha lista dos melhores livros que li.
EliminarConfesso que espera mais de O Bom Inverno de João Tordo.
O Bom Inverno? É um livro que desgosto bastante. Percebes o que há algum tempo tenho vindo a dizer sobre os galardões? Tordo foi um dos vencedores do Prémio Saramago...
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