sexta-feira, 18 de maio de 2012

Beastie Boys «Licensed to Ill»


«It is with great sadness that we confirm that musician, rapper, activist and director Adam "MCA" Yauch, founding member of Beastie Boys and also of the Milarepa Foundation that produced the Tibetan Freedom Concert benefits, and film production and distribution company Oscilloscope Laboratories, passed away in his native New York City this morning after a near-three-year battle with cancer. He was 47 years old.» - in beastieboys.com

Por detrás do sorriso de Adam Youch, mais conhecido por MCA, estava o mesmo miúdo que aos 22 anos fez parte deste divertido e altamente aclamado disco, um disco gravado por putos de boné e óculos de sol que parodiavam toda a cena do hip-hop norte-americano. Numa época onde tinha já se assinalava o declínio do punk e onde Madonna e o thrash metal moviam as massas de adolescentes e jovens, estes Beastie Boys tiveram a brilhante ideia de misturar, imagine-se, as rimas rápidas do rap com a rapidez do hardcore punk e os riffs de guitarra pesados do heavy metal, num estilo que basicamente não agradava por inteiro a nenhum destes movimentos. Rick Rubin e estes miúdos da cidade de Nova Iorque deixaram a estupidez, a acne e a paixão pela música falar mais alto e editaram o primeiro disco de hip-hop a entrar nos grandes tops norte-americanos.

Licensed to Ill, enfim, foi inúmeras vezes mal plagiado pela geração nu metal do final dos anos 90; foi por aqui que se perdeu o medo e as palas de misturar o beatbox com as guitarras pesadas. É daqui também daqui que uma festa só pode ser uma festa se forem tocados No Sleep Till Brooklyn e (You Gotta) Fight for Your Right (To Party!), não é? Apesar de desconhecerem que são temas da autoria dos Beastie Boys e que nem sejam sequer adeptos do hip-hop, tenho a certeza de que todos abanam a cabeça e pulam ao som das guitarradas eléctricas e dos refrões entusiastas e tão fáceis de memorizar. Longe de ser um disco maduro ou de frases onde impera a crítica social e a atitude política que tanto caracteriza o rap – é também por aqui que este grupo é mais que um conjunto de rappers -, esta obra é um verdadeiro prozac para o espírito mais deprimido, um convite à não disposição e ao riso instantâneo. É difícil não sorrir ao escutar o ritmo emulado dos jogos da velhinha Nintendo Entertainment System de Girls, não relaxar com o ritmo Havanesco de Slow Ride e ignorar o baixo pesadão e o desafio a três vozes de Time to Get Ill.

Intemporal e um dos verdadeiramente grandes discos do rock/rap, complicado é não gostar deste disco.

05/08/1964 – 04/05/2012.

8.5/10  

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