Longe das luzes da ribalta e da
fácil catalogação que a vasta maioria da música da actualidade sofre, este colectivo de Chicago explora a diversidade da música
indie com a electronica e o jazz, entre outras sonoridades há mais
de vinte anos. Mantendo um perfil
discreto, mas de semblante alegre, estes Tortoise vivem de e para a música.
Tendo-se estreado em 1992 com Lonesome Ground na editora Thrill Jockey,
o grupo não mais parou de criar e desenvolver uma sonoridade adversa às
barreiras e imposições discográficas da grande indústria que tanto limita a
criatividade musical em prol da estandardização do sucesso instantâneo. Em 1996
editaram este Millions Now Living Will
Never Die, uma ode ao minimalismo, à intersecção e ao convívio de música
bonita, honesta, experimental, ousada e, acima de tudo, algo que vai ficar
marcado para sempre na alma de quem o escuta.
O grande destaque do disco é, sem
dúvida, os vinte e um minutos da faixa de abertura Djed. Aqui a música flui livre e espontânea por diversos campos e
imagens, por cruzamentos que o actual movimento de estilos que o post-rock
tenta, sem sucesso, emular, estabelecendo um diálogo alegre e divertido com o consigo,
o receptor de uma obra tão bem narrada. Os restantes temas são mais curtos
(variam entre os dois minutos e meio e os cinco), mas igualmente interessantes;
destacaria naturalmente o ritmo matemático e extremamente preciso de Taut and Tame, o minimalismo mais
evidente do disco em Survey, com
efeitos que lembram as noites ao som do canto dos grilos, o psicadelismo de
Dear Grandpa and Grandma, sem esquecer o jazz mais elaborado e sentido do
último tema.
De costas voltadas para os mass
media, este conjunto de músicos norte-americanos viram no mar de música
instrumental e qualquer coisa-post
uma forma de fugirem à enfadonha música rotineira. Este trabalho em curso dos
Tortoise levou aqui o mais importante pilar da obra.
9/10
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