domingo, 13 de maio de 2012

Tortoise «Millions Now Living Will Never Die»


Longe das luzes da ribalta e da fácil catalogação que a vasta maioria da música da actualidade sofre, este colectivo de Chicago explora a diversidade da música indie com a electronica e o jazz, entre outras sonoridades há mais de vinte anos. Mantendo um perfil discreto, mas de semblante alegre, estes Tortoise vivem de e para a música.

Tendo-se estreado em 1992 com Lonesome Ground na editora Thrill Jockey, o grupo não mais parou de criar e desenvolver uma sonoridade adversa às barreiras e imposições discográficas da grande indústria que tanto limita a criatividade musical em prol da estandardização do sucesso instantâneo. Em 1996 editaram este Millions Now Living Will Never Die, uma ode ao minimalismo, à intersecção e ao convívio de música bonita, honesta, experimental, ousada e, acima de tudo, algo que vai ficar marcado para sempre na alma de quem o escuta.

O grande destaque do disco é, sem dúvida, os vinte e um minutos da faixa de abertura Djed. Aqui a música flui livre e espontânea por diversos campos e imagens, por cruzamentos que o actual movimento de estilos que o post-rock tenta, sem sucesso, emular, estabelecendo um diálogo alegre e divertido com o consigo, o receptor de uma obra tão bem narrada. Os restantes temas são mais curtos (variam entre os dois minutos e meio e os cinco), mas igualmente interessantes; destacaria naturalmente o ritmo matemático e extremamente preciso de Taut and Tame, o minimalismo mais evidente do disco em Survey, com efeitos que lembram as noites ao som do canto dos grilos, o psicadelismo de Dear Grandpa and Grandma, sem esquecer o jazz mais elaborado e sentido do último tema.

De costas voltadas para os mass media, este conjunto de músicos norte-americanos viram no mar de música instrumental e qualquer coisa-post uma forma de fugirem à enfadonha música rotineira. Este trabalho em curso dos Tortoise levou aqui o mais importante pilar da obra.

9/10

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