quarta-feira, 2 de maio de 2012

Roberto Bolaño «A Literatura Nazi nas Américas»


Definitivamente, este não é o melhor romance para entrarmos no mundo literário do chileno Roberto Bolaño, autor do best-seller 2666. Este seu segundo romance, publicado em 1996, roça os extremos do amor e do ódio em quase todos os leitores e críticos com quem tive contacto: ora é um bocejo, ora uma grande obra-prima de um génio.

Basicamente, Bolaño decidiu escrever um ataque à literatura americana (latina e norte) no particular e aos escritores no geral. Neste romance estão compilados os maiores autores da extrema-direita de todo o continente americano, e ainda que sejam todos fictícios, são-nos apresentadas ligações com escritores que verdadeiramente existiram, como é o caso do beatnik Allen Ginsberg, e recorrência constante a alguns do maiores poetas e romancistas da Literatura. Ainda que todas estas personagens sejam fictícias, Roberto Bolaño fantasticamente cria factos – se lhes pudermos chamar assim – e eventos que sustentam a sua existência, de tal forma que, não soubéssemos que todos estes escritores são falsos, certamente iríamos investigar sobre os mesmos e as suas obras.

Elaborado com um humor muito próprio e com estórias que realmente são tão mirabolantes sobre o império Nazi, as dezenas de personagens desta obra são quase todas narcisistas, egoístas e… plagiadoras. Poetas e romancistas unem-se no roubo de ideias e cópias descaradas dos grandes mestres da escrita universal, auxiliados sempre pela política nazi, em busca de uma glória que a bom dizer, nunca os visita: quase todos morrem ou de mortes trágicas ou estúpidas.

Longe, muito longe de ser um livro “simpático”, agradabilíssimo muito menos, esta literatura fascista das Américas ocupou-me uma tarde porque gosto mesmo de Bolaño, caso contrário - e para quem nunca teve contacto com o chileno – O Terceiro Reich é uma obra francamente mais recomendada.

2 comentários:

  1. Ainda não li, mas este post deixou-me bastante interessada!

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  2. Em termos de criatividade, considero-o muito bem trabalhado; em termos de interesse, creio que deixa um pouco a desejar hehe

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