Não tendo ficado completamente
satisfeito com o último capítulo da enciclopédia de autores nazis americanos, A Literatura Nazi nas Américas, Roberto Bolaño expandiu um pouco a estória de
Alberto Ruiz-Tagle, o aviador e poeta chileno.
A narrativa passa-se por volta de
1973, altura em que o ditador Augusto Pinochet tomou o governo chileno para
substituir Salvador Allende, e é-nos contada por um indivíduo que conviveu com
as mudanças sociais e políticas de um Chile em convulsão, Arturo Belano (quiçá
um alter-ego do próprio Bolaño). Alberto Ruiz-Tagle apresenta-se como um
charmoso, talentoso e enigmático poeta ligado à cultura germânica, dono de um
atelier de arte onde convivem as gémeas Garmendia, Arturo e outros amigos que
são referenciados ao longo da novela. Alberto torna-se mais tarde também ele num
aviador artístico ligado ao regime fascista, acabando no entanto por ir viver
para a Europa.
Desenhado com um carregado traço
policial, a atmosfera desta obra é sinistra e as personagens revelam-se
progressivamente complexas e frias, assim como a descrição dos ambientes onde a
acção tem lugar. Apesar destes fortes argumentos, Estrela Distante desenvolve-se, como o próprio nome indica, de
forma muito distante do leitor, faltando-lhe elementos de interesse que joguem
a seu favor, que cativem o leitor como 2666
o consegue fazer.
Uma obra de interesse relativo
para quem, como eu, pretende ler e completar uma trilogia bem trabalhada –
disso não há dúvidas -, mas longe de ser interessante e indispensável.
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