Em 2002 o mundo do rock ficou empobrecido com a partida de Layne Staley, um dos vocalistas com um dos timbres vocais mais originais e emblemáticos da chamada geração grunge rock. Os problemas com as drogas levaram a melhor sobre o malogrado músico que deixou o mundo aos 34 anos, vítima de overdose. O legado de Dirt, Facelift e Alice in Chains era demasiado grande para Jerry Cantrell acabar com a banda.
Os vocalistas que, à partida, teriam melhor perfil para pegarem no microfone seriam Chris Cornell e Scott Weiland, pela sua experiência e pela forma como cantam, no entanto, a escolha viria a recair em William DuVall, músico praticamente desconhecido do meio mainstream. DuVall conta com um passado muito ligado à cena hardcore punk da década de 80 e mais recentemente com os Comes With the Fall, banda com quem Jerry Cantrell tocou nalguns concertos, acabando por pedir a DuVall para preencher a vaga de Staley.
Os primeiros concertos da nova formação começaram em 2006, nos finais de 2008 entraram em estúdio e um ano mais tarde Black Gives Way to Blue viu a luz do dia. A linha de composição do quarto registo da banda obedece aos alicerces do passado, apostando fortemente em tons melancólicos, arrastados riffs de guitarra dos blues, pujantes riffs do hard rock e uma – ainda mais – pronunciada inspiração sulista. A voz de DuVall é tão boa que, durante os cinquenta e quatro minutos de duração do disco quase faz esquecer Staley; de facto, este vocalista foi a melhor coisa que poderia ter acontecido à banda e mostra-se bem mais em forma que os recentes projectos falhados de Weiland ou Cornell.
Aqueles temas mais longos e memoráveis que a banda gravou há quase vinte anos - Rooster, Love, Hate, Love, Sludge Factory – estão bem presentes em Acid Bubble e A Looking in View, temas que fazem a união entre Alice in Chains e Jerry Cantrell a solo. Porém, há que destacar obviamente as orelhudas Last Secrets Known e Check My Brain (especialmente esta), não esquecendo as calmas e belas baladas Your Decision e Black Gives Way to Blue. A faixa homónima, a título de curiosidade, conta com a colaboração do piano de, nada menos, nada mais que Elton John.
Não suplanta o supra-sumo da banda Dirt, nem vai fazer esquecer a memória da Staley, mas é um regresso em força e um disco com grandes malhas de rock. Como não foge àquilo que é a essência dos Alice in Chains, dificilmente satisfará o público que nunca gostou deles. Os que seguem a banda religiosamente têm motivos de sobra para esboçar grandes sorrisos.
8/10
Kudos!
ResponderEliminarmanda escudos... ando teso!
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