Gostei e aceitei da Ascensão das Máquinas. Apesar de achar que a saga estava muito bem entregue às duas obras-primas de James Cameron, o terceiro filme ainda fez algum sentido pois Arnold Schwarzenegger estava lá, era o exterminador bonzinho e tinha sido enviado para proteger não só John Connor, como também a sua futura esposa, Katherine Brewster. Foi muito por aqui, pela exploração da relação entre John e Katherine, que o filme me agradou, não obstante alguma falta de caracterização dos mesmos ou a falta de impacto e carisma da T-X. O dia do julgamento final era inevitável e em 1997 tinha sido apenas adiado. Por outro lado, e mantendo-nos fiéis à narrativa de Exterminador Implacável 2: O Dia do Julgamento, os Connors destruíram a Cyberdine e impediram que a Skynet tomasse controlo sobre a raça humana.
Como em tudo na vida, temos que aceitar que tudo tem um fim e que não vale a pena tentar encarnar no papel de deuses. Muitos tentaram e falharam e os exemplos são mais que muitos: Hellraiser, Sexta-feira 13, Halloween, Pesadelo em Elm Street, Indiana Jones, A Guerra das Estrelas, etc, etc, etc; pior que isso, só mesmo quando pegam nas grandes sagas de vídeo jogos ou desenhos animados e adaptam ao cinema. Quem não chorou o seu dinheiro, quem não entrou em coma com o dilapidar do bom nome de Resident Evil ou de Transformers? Para denegrir ainda mais a imagem e me enfiarem num hospital em estado de coma, os zombies e Optimus Prime vão ter mais sequelas.
A questão essencial deste texto prende-se com a falta de necessidade de explorar mais a franchise das máquinas. Se gostar de grandes explosões, muitos tiros, actores que passam o dia no ginásio e actrizes que fazem a vida nas passerelles e não se preocupar com o elo de ligação ao primeiro e segundo filme, este é pode eventualmente ostentar o nome que usa: Salvação. Por outro lado, quem segue religiosamente uma das maiores sagas sci-fi de todos os tempos e espera respeito e dedicação por parte de quem lhe dá mais vida, considerará isto um verdadeiro enterro. O facto de terem entregue Salvation a um realizador que até hoje fez carreira na produção de séries para adolescentes (O.C. - Na Terra Dos Ricos, Supernatural) espelha bem a pobreza que assola a vida de John Connor e a Resistência. McG - Joseph McGinty Nichol – pega na premissa do holocausto do futuro que Cameron tinha idealizado há 27 anos e decide criar um campo de batalha para o Homem e para as Máquinas misturado com a exploração dos sentimentos de Marcus Wright, o novo Exterminador (o que está do lado dos humanos).
De facto, e por mais estranho que possa parecer, o filme gira em torno de Marcus Wright em vez de John e Katherine Connor, aqueles que iriam comandar a luta contra a Skynet. Christian Bale, o fantástico actor que interpreta John, incentiva os seus bravos soldados com uns berros aqui e ali atira um “I’ll be back”; Katherine… bem quase não se dá pela sua presença. Marcus Wright (Sam Worthington) tem os músculos de Schwarzenegger mas não cria o mínimo de empatia com o público. Porquê? Porque as suas acções são previsíveis, porque McG e a sua equipa foram incapazes de trabalhar o seu carisma e diálogos e, por último, Worthington é um mau actor.
O desenvolvimento da estória é mau, muito mau, assim como o das personagens que parecem feitas de plástico, desprovidas de talento (que tanto tentam disfarçar com os seus músculos e curvas) e que parecem representar como um jornalista a ler o teleponto. Não existe aqui uma Linda Hamilton, um Schwarzenegger, um Michael Biehn ou um Edward Furlong. Nada, apenas frases desconexas, explosões, marketing e o nome da saga. Nem mesmo aquele breve momento onde se ouve Rooster dos Alice in Chains consegue salvar esta parca película direccionada a adolescentes.
Título original: Terminator: Salvation
Realização: McG
Realização: McG
Argumento: John D. Brancato, Michael Ferris
Produção: Halcyon Company, Wonderland Sound and Vision
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