Mais famosos que as All-Star e a flanela juntas, Kurt Cobain, Krist Noveseli e Dave Grohl escreveram uma página de ouro na história do rock ‘n’ roll norte-americano com apenas três álbuns de estúdio. Nevermind, o disco que destronou Michael Jackson dos “charts” norte-americanos, foi o grande responsável pela explosão da música grunge, estilo caracterizado pelas guitarras fortemente distorcidas de um Paranoid ou Loose Nut, batida punk rock da cena hardcore punk, psicadélica Confusion Is Sex e refrões roubados aos Beatles – no bom sentido.
Em 1992, ainda a compor In Utero, a banda deu um grande concerto no Reading Festival, Reino Unido, que durante muitos anos circulou entre os consumidores de bootlegs da banda. Felizmente para eles e para mim, o disco foi remasterizado e editado em 2009 juntamente com a actuação em DVD. O registo capta as canções mais populares da banda que passavam e passam ainda hoje nas rádios e TVs (Lithium, Smells Like Teen Spirit, Come As You Are), sem comprometer os momentos mais intimistas de All Apologies e Dumb ou a crispidez de Territorial Pissings, Aneurysm e Tourette’s. A selecção do repertório, para o ouvinte casual que conduz enquanto ouve a Rádio Comercial e imita Grohl através de batucadas com os dedos no volante, vai de certeza afectar-lhe a percepção daquilo que a banda foi e ainda é. Como bónus, as raras interpretações de D-7 e The Money Will Roll Right In também integraram o set list da actuação.
A nível geral, o som do concerto exibe-se em bom plano, o público não se sobrepõe ao trio e o som do baixo – de todos os instrumentos – está muito bem conseguido. Mesmo assim, é notório que a reutilização do som dos bootlegs não se pode equiparar à qualidade de um concerto que é gravado e publicado um ou dois anos mais tarde. Live at Reading - e os seus vinte e quatro temas - é um disco essencial na discografia dos fãs da banda, um disco que me faz recuar no tempo quase duas décadas e que causa severos momentos de nostalgia.
9/10
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