Esperava um pouco mais de uma escritora tão bem referenciada
como Agustina Bessa-Luís o é. Ou pelo menos, contava com algo diferente, algo
mais trabalhado, algo mais complexo e rebuscado, mais ao estilo de Carlos de
Oliveira.
Esta autora, nascida a 15 de Outubro de 1922 na região do
Douro, conquistou com este mesmo romance os prémios Delfim Guimarães e Eça de
Queiroz, dois dos mais importantes galardões a nível lusófono. É-nos contado
neste registo a estória da geração da família Teixeira, ao longo de um século
de existência, e a sua vida na casa da Vessada, situada no Douro e Minho. A
personagem principal é Maria Joaquina, tratada por Quina, que é apelidada de
sibila – mulheres proféticas da mitologia grega e também romana – pela sua
força, carácter e determinação com que governa o seu espaço e os que a rodeiam,
estando sempre disponível para dar a mão a quem precisa de ajuda.
Cronologicamente, a narrativa alberga o final do séc. XIX
até meados do séc. XX – o livro foi escrito em 1953 e publicado um anos mais
tarde – e relata os tempos de Maria e Francisco Teixeira numa primeira parte, e
Quina, os irmãos e os sobrinhos noutra; o romance inicia-se precisamente no
final do século passado com Germa, sobrinha de Quina, à conversa com Bernardo e
recordar o passado da família. A partir daí, Agustina Bessa-Luís entra numa
viagem pelo Portugal rural que estava a sofrer os efeitos da urbanização e
mudança social - ainda que de forma muito lenta -, representada por Bernardo e
pacialmente por Germa. Quina, sempre descrita como uma mulher do povo, forte e
governada, terá algumas semelhanças com a própria autora, creio eu.
Uma geração que assistiu à instauração da República de 1910
e que passou pelo Estado Novo, ainda que as referências ao fascismo não abundem
tanto como seria de esperar, num romance com bastantes referências a grandes
pensadores e romancistas britânicos e franceses, escrito com termos que caíram
em desuso – muitos próprios do Douro/Minho – num estilo simples e alegre, mas
que ficou longe de me empolgar.
vim só apoiar o seu bom trabalho e deixar um beijinho.
ResponderEliminarMuito obrigado :)
ResponderEliminar"A Sibila" é para mim um dos livros mais belos escrito na língua portuguesa. Não para si "o mais belo", mas com certeza suficientemente belo, para não merecer este comentário desadradável.
ResponderEliminarDesagradável em que sentido?
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