O álbum que veio a aniquilar o movimento nu-metal veio precisamente da Roadrunner Records. Em Maio de 2002, a editora norte-americana lançou um dos seus melhores discos, um dos mais importantes do espectro metal e aquele que, para mim, continua a ser o meu favorito em toda a década passada.
Formados a partir das cinzas de vários projectos na onda do crossover e hardcore punk, o grupo de Massachusetts incorpora membros de Overcast – por onde passou Brian Fair, vocalista de Shadows Fall -, Seemless, Times of Grace ou Blood Has Been Shed que se vão mantendo concentrados quase exclusivamente em Killswitch Engage. Recentemente a banda viu regressar o vocalista original Jesse Leach, que participou neste disco, mas que abandonou o microfone para explorar sonoridades bem diferentes. Agora, em 2012, o grupo está de novo na máxima força para gravar, espero, um digno sucessor de Alive or Just Breathing.
Claramente influenciados pela primeira parte da história dos In Flames, o quinteto explora bem a fusão do death metal melódico sueco com o thrash – também ele melódico – e o hardcore norte-americano, num estilo musical que já há muito que provou ter que se reinventar, pois simplesmente já não traz nada de novo. Com excepção ao disco de 2009, Killswitch Engage [II], todos os discos editados pela banda são de alta qualidade e demonstram um grupo que ainda se vai conseguir reinventar para estar à altura da exigência dos fãs que – incluam-me – esperam ardentemente por um verdadeiro sucessor da obra-prima de há dez anos. Sim, parece que foi ontem, mas passou já uma década desde que ouvi os riffs pesados de Life to Lifeless e ouvi Jesse Leach a prometer com «the time approaches, […] we will rise, this Babylon falls». O groove e a toda lenta que marcam o tema, ainda que sensivelmente a meio as guitarras puxem um pouco pela bateria e novamente a voz avisa «the time approaches», desfazendo-se em «who will hear your cries as you fall?...». O aviso está dado e a voz crítica e extremamente envolta num positivismo que marca este registo continuará a alertar para a união social e o amor como forma de protesto a todo o mal do mundo.
A revolução começa dentro de nós mesmos, como tão bem explica Self Revolution, o mosh pit abre com os acordes e os breakdowns de Fixation on the Darkness – um dos temas mais fortes e o exemplo perfeito de como misturar correctamente vozes limpas com peso - e a serenata chega-nos sob a forma melódica, bela, harmónica de My Last Serenade, um dos temas mais cantados em todo o disco e, claro, seguramente um dos mais apreciados pelo ouvinte mais “light”. Os rufar inicial dos tambores de Life to Lifeless e o piano de Just Barely Breathing aquecem a toada do tema mais brutal do disco, To the Sons of Man, levando a escalada rumo ao topo de Rise Inside, com paragem em Temple From the Within (recuperada do disco de estreia homónimo) e numa das passagens mais marcantes do disco em termos de emoção: The Element of One - «Breathe me in, I'm forever deep within, I'm eternal».
Notória a sua repescagem de Killswitch Engage, devido ao ritmo rápido e mais orientado para o death metal, Vide Infra interrompe-se com o instrumental de Without a Name e desagua no estrondoso músculo e coração dos seis minutos de Rise Inside. Chegou a hora de fazer a diferença, compreender o amor que nos une e elevarmos as nossas vozes («Rise inside, free your mind raise your fist! To signify!»), assim nos diz este último tema marcado pela pujança do baixo de Mike D'Antonio e os berros de Jesse Leach – «Embrace what we have… It might be, the last time! In this life we will rise if we find the strength to unify».
Posto isto, Alive or Just Breathing é uma lição de esperança e de respeito pelo que nos rodeia. É um daqueles discos que a compreensão das letras é obrigatória para a absorção da essência que jaz no coração dos seus músicos. Por todo o significado e memória que me traz, pela qualidade musical e pela forma como ainda se mantém actual e de grande referência, nem que pudesse quereria eu mudar o que quer que fosse nesta obra ímpar.
10/10
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