Alguém anda a colocar pasquins no
centro da vila e ninguém sabe quem são os autores, um don juán recebe tiros de
caçadeira enquanto anda a cortejar mulheres, um padre anda preocupado com os
ratos que povoam a igreja, um alcaide fora da lei - à conta com um abcesso num
dos dentes – decreta estado de sítio e recruta um barbeiro e uns homens duros para
encontrar a fonte dos pasquins difamatórios.
É assim o universo do terceiro
livro da extensa obra do colombiano Gabriel García Márquez, vencedor do Prémio
Nobel de 1982, responsável por incontáveis estórias mágicas em redor da aldeia
de Macondo e outros locais fictícios do seu país natal. Tido em conta como um
dos precursores do realismo mágico, este autor é mestre a contar narrativas ao ritmo
de boleros quentes onde personagens vivem a vida num estilo relaxado, apaixonado,
mas com fortes doses de violência e justiça pelas próprias mãos, envolvidas num
sentido de humor invulgar, com bastante recorrência à superstição e divindades
para justificar – em muitos destes casos, para ocultar – um quotidiano adverso,
duro e corrupto.
A hora má e seu veneno chegam após
Cesar Montero se levantar da cama, sair à rua e constar que havia um pasquim na
porta da sua casa a informar que a sua mulher lhe estava a ser infiel: o
clarinete do amor de Pastor nunca mais se ouviu na vila graças aos disparos que
Montero lhe espetou no bucho. Este é o incidente que despoleta o autoritarismo
de um alcaide corrupto, o superior de uma equipa de oficiais também eles
corruptos - quase todos eles com cadastro -, que aplica uma lei que obriga o
recolher obrigatório de toda a população das 20 às 5 horas para descobrir quem
anda a colocar pasquins clandestinos sobre a vida dos habitantes. A restante
população vive com o medo que uma nova guerra civil comece, contudo a guerra
que mais os preocupa é o dia-a-dia da vila cujo nome não nos é revelado.
Assassinatos, infidelidades,
velhas disputas familiares e muita sabedoria popular e humor fazem parte deste
grande romance que só me desapontou um pouco nas últimas páginas. Algumas
personagens de Cem Anos de Solidão, o
romance mais aclamado de Garbiel García Márquez, também aparecem por cá.
Pelo comentário deve ser uma grande obra.
ResponderEliminarAdorei Cem anos de Solidão.
Olá, Tiago.
ResponderEliminarAdorei quase tudo neste livro, à excepção do final que podia ter sido mais bem trabalhado. O Cem Anos de Solidão ainda é o meu favorito :)
=) eu tbm!!só li os 2 do Gabo ,mas cem anos d solidão p/ mim foi o melhor d tds livros q ja li . e ,o final do veneno da madrugada p/ mim poderia ser mtoo melhor. não sei s pq eu li cm pausas meio grandinhas , mas nao entendi mto bem o final. a meu ver ,ficopua desejar. tinha mta coisa q eu esperava derenrolar. to relendo . e tenho mtaaa curiosidad d ler ''o amor nos tempos do colera''
EliminarBoas leituras! :)
EliminarEste é um título pouco conhecido do GGM.
ResponderEliminarFoi muito útil ler a tua opinião ácerca do livro. Assassinos, infedilidades,...isso é tudo bom de ler, e se é escrito com humor, melhor ainda.
Li 3 do Nobel, "Amor em tempos de cólera", "memoria das minhas putas tristes", "relato de um naufrago". Os ultimos 2 não me "disseram" quase nada, agora o 1º é um dos melhores romances que ja li. O filme baseado também é formidável.
O menos bom que li até hoje do Márquez foi o Memória das minhas putas tristes, mas também ainda só li uns cinco. Vou investigar esse adaptação cinematográfica :)
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