Não concede entrevistas, não gosta de ser fotografado, não aceita prémios literários e a sua vida é, muito basicamente um mistério. Reza a crítica que o madeirense Herberto Helder é um dos maiores poetas da actualidade e talvez o que em melhor posição se encontra a suceder a Pessoa no pódio dos ilustres.
Os Passos em Volta, e ao contrário da maioria da sua obra que se encontra escrita em verso, é uma obra que caminha algures entre o conto, o romance e o discurso autobiográfico num estilo muito sui generis e, acima de tudo, muito poético e reflectivo. A partir de uma personagem que se multiplica, Herberto Helder parte para uma viagem que, como o título claramente sugere, acaba onde começa. Este homem parte à procura da sua existência em Deus, mas este não lhe dá as respostas que busca, direccionando a personagem ao encontro das artes e da poesia. Ora sóbrio, ora bêbedo na companhia de mulheres, fumando cigarros pensativos (esta tem direitos de autor), a personagem cultiva-se com livros e com a música de Johann Sebastian Bach, carinhosamente traduzido pelo autor para João Sebastião Bach.
Através de uma linguagem muito trabalhada e poética, mas não necessariamente complicada, as cerca de 190 páginas tornam-se demasiado curtas na medida em que sabem a pouco; de facto, este é um daqueles livros que nos entristece mal o acabamos. Depois de percorrer o mundo, as ruas e bares da Holanda e de regressar ao ponto de partida, Os Passos em Volta é uma obra singular de Herberto Helder.
Dei agora com o seu blog, e estou precisamente a meio deste livro; é de facto uma grande viagem.
ResponderEliminarDê uma olhada:
http://tintasletrastretasecinema.blogspot.pt/
Olá, Mário
ResponderEliminarEspero que esteja a desfrutar tanto deste livro como eu. Aproveito para lhe dizer que o seu blogue é interessantíssimo :)