Fortemente conhecido e aclamado por aquela que é considerada a sua obra-prima, Kafka à Beira-Mar, Haruki Murakami vai dando cada vez mais cartas na área da literatura, abrindo espaço para um hipotético galardão Nobel. Tal como A Rapariga que Inventou um Sonho, esta obra é um livro de contos. A obra compreende dezassete pequenos contos que incidem entre o real, o imaginário e o real e o imaginário ao mesmo tempo, escritos ao longo do início dos anos 80 e 1999.
Para quem já leu o romance Crónica do Pássaro de Corda, o primeiro conto O Pássaro de Corda e as Mulheres das Terças-Feiras vai causar uma enorme sensação de “dejà-vú”, pois este conto viria a ser aproveitado como primeiro capítulo do romance. Nesta crónica, um advogado recebe estranhos telefonemas de alguém que o parece conhecer e tem ao mesmo tempo que procurar o seu gato desaparecido, dando de caras com uma enigmática jovem adolescente. Noutro conto, um casal recém-casado tem vontade de ir assaltar padarias e acaba por assaltar um MacDonald’s, levando hambúrgueres em vez do dinheiro (O Segundo Assalto à Padaria). Temos também aqui contos demasiado curtos que denotam alguma falta de inspiração e que suscitam pouco interesse, como é o caso de Ao Ver a Rapariga Cem Por Cento Perfeita numa Manhã de Abril, O Pequeno Monstro Verde, A Queda do Império Romano, A Revolta dos Índios de 1981, Quando Hitler Invadiu a Polónia, E o Mundo dos Ventos Violentos.
Há aqui também contos interessantíssimos e que dariam boas obras, casos de Os Lederhosen que contam a estória duma senhora japonesa que viaja até à Alemanha e compra uns calções Lederhosen alemães que o marido lhe pede, acabando por resultar no fim do próprio casamento, ou Sono que retrata de um forma muito simbólica e abstracta a vida de uma pessoa que perde a capacidade de dormir e que passa a fazer desporto diariamente e a ler convulsivamente livros, um dos quais Anna Karenina de Lev Tolstoy. O não dormir, em contraposição ao dormir como prisão, permite-lhe libertar-se das amarras do quotidiano opressor. Destaque-se também o conto que dá título ao livro, O Elefante Evapora-se, no qual um elefante e o seu tratador desaparecem de forma misteriosa e sem rasto, despertando a curiosidade de um homem obcecado por elefantes - um dos contos mais surreais da obra.
Estes dezassete contos primam pela boa disposição e por muito surrealismo, cruzam ocasionalmente personagens de outros romances, eventos que parecem ter tido lugar na vida do escritor e narrativas que coesas e, de certa forma, frias e distantes a nível de personagens. Destaque, mais uma vez, para a constante referência aos grandes nomes da música popular, da literatura e da arte europeia e americana, como é hábito na escrita de Murakami.
Estou a procura deste livro, e não encontro em sebo algum,ou livrarias, nem virtual. Quero a obra em português, sabe incicar onde consigo compra-la? Grata.
ResponderEliminarOlá, Sol. O livro só foi publicado em portugues em Portugal, pelo que investiguei. Nao sei se a obra será publicada em portugues-BR nos próximos tempos.
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