Oficialmente, a estreia dos Slipknot deu-se em 1996 com Mate. Feed. Kill. Repeat., no entanto, seria apenas em 1999 que a banda se “re-estreia” com Slipknot. Existem algumas explicações para o facto de a banda encostar o disco de estreia: em muitas entrevistas, e quando questionados sobre Mate. Feed. Kill. Repeat não constar nos registos da banda, os nove músicos afirmaram que era apenas uma demo. O que não deixa de ser esquisito, pois nas primeiras entrevistas a banda considerava esta demo um álbum de longa-duração.
Objectivamente, a demo/longa-duração revelou-se um disco razoável que misturava muito groove com funk, jazz e mesmo rap. Dois temas deste registo foram aproveitados mais tarde em Slipknot e em Iowa: Tattered & Torn e Gently, respectivamente. Da formação actual, faziam parte Shawn Crahan, Joey Jordison, Mick Thomson e Craig Jones, sendo de mencionar honrosamente Paul Gray, baixista falecido em Maio de 2010. Slipknot foi, sem sombra de dúvidas, um dos discos que mais marcou a minha adolescência, numa época onde o termo nu-metal não era tão popular quanto se possa imaginar, e definitivamente não era aplicado à banda de Des Moines, estado de Iowa. Quando esse termo (de conotação negativa) surgiu, tornou-se identidade de bandas como Korn ou Limp Bizkit, que nada têm a ver com este grupo.
Voltando à idade em que o número de borbulhas na cara era equivalente a um pacote de pipocas dos grandes nos cinemas Lusomundo, descobri primeiro o homónimo e só mais tarde (a muito custo) consegui arranjar uma cópia da actual demo. Temas como (Sic), Spit it Out, Eyeless ou a orelhuda Wait and Bleed não só eram dos mais fortes do álbum, como também são ainda hoje temas que figuram em praticamente todos os set lists dos concertos. Apesar de ter rodado centenas de vezes no discman, o CD ainda hoje se encontra em óptimo estado e gosto de lhe tirar o pó de vez em quando. Com alguns atrasos imprevistos, Iowa vê finalmente a luz do dia no quente Agosto de 2001, também com selo da RoadRunner Records (que já havia lançado o homónimo).
Num concerto que a banda ainda nesse mesmo ano no Pavilhão Atlântico, Corey Taylor tinha prometido que a banda nunca se iria vender ou tirar o pé do acelerador… e mantiveram a promessa até 2004, altura em que escreveram Circle e Vermillion, duas músicas bem calminhas. Pormenores à parte, este disco é bem mais equilibrado e mais pesado que o anterior. Left Behind acaba por fazer o mesmo papel que Wait and Bleed fez em Slipknot: melodia, ritmo a meio gás e refrões suficientemente fáceis de memorizar, capazes de catapultar a banda para várias audiências. O melhor do disco encontra-se em People = Shit, Disasterpiece, Gently e Iowa. As duas primeiras são as mais rápidas do disco, mais pesadas e que mais bebem da influência do death metal – com um vocalista diferente e com menos efeitos nos samples, poderiam perfeitamente fazer parte de um disco desse mesmo género musical. Gently explora uma faceta mais arrastada, mais experimental e bem mais intensa que a primeira versão incluída em Mate. Feed. Kill. Repeat.; Iowa, a grande surpresa do disco está mesmo guardada para o final: são quinze minutos obscuros em forma de “crescendo”, numa toada original composta por umas linhas de baixo e uma percussão de alto nível – nos “media” sensacionalistas cheguei a ler que Corey Taylor se mutilou várias vezes com uma faca durante a gravação desta canção. Bem vistas as coisas, os Napalm Death também foram à Índia matar uma vaca em pleno palco, não foi?...
Iowa não só valeu a espera, como foi um disco diferente do que a banda tinha gravado no passado, bem mais dinâmico e com um trabalho de percussão, aqui e ali, de destacar. Dez anos após o seu lançamento, continuo com a opinião de que este foi um dos discos mais agradáveis da década passada. Apesar de não ter agradado a todos, ainda vale a pena ser ouvido.
9/10
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