sábado, 26 de janeiro de 2013

Cult of Luna no Hard Club e Paradise Garage


Está por dias a visita dos suecos Cult of Luna ao nosso país. Inseridos na vaga do sludge, post-hardcore e metal, os Cult of Luna regressam ao nosso país nos dias segunda e terça-feira para promover o seu novo disco, Vertikal, trazendo na bagagem Somewhere Along the Highway, Cult of Luna, Salvation, The Beyond e Eternal Kingdom.

A primeira parte dos concerto no Paradise garage será assegurada pelos portugueses Process of Guilt, e HHY no Hard Club.

Vertikal encontra-se disponível para audição na página da Brooklyn Vegan.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Anthony Burgess «A Clockwork Orange»



A grande vantagem de se ler o livro antes de se ver o filme prende-se não só com a possibilidade de o próprio leitor se tornar o realizador, mas também com o facto de que geralmente o filme é incompleto, comparativamente com o romance. E porquê? Um filme parte da interpretação que o realizador fez da obra. Ora, Stanley Kubrick levou a cabo uma grande adaptação deste romance de Anthony Burgess, no entanto o cineasta ter-se-á esquecido do último capítulo do romance: a versão publicada nos Estados Unidos omitiu o último capítulo do romance, lamentavelmente, e foi a partir dessa edição que o cineasta se baseou.

A Clockwork Orange é um grande clássico da Literatura moderna do século passado. Tal como em Nineteen Eighty-Four (George Orwell) e Brave New World (Aldous Huxley), este livro tem como cenário um mundo pós-industrial dominado por governos totalitários opressores, onde a violência é rainha e senhora, e a liberdade de expressão simplesmente não abunda. Inserido num clima de guerra fria, publicado em 1962, A Clockwork Orange passa-se num país europeu – presumivelmente o Reino Unido – por volta de 1972 e conta-nos a estória de Alex, um hooligan de 15 anos, que após ter cometido várias violações, agressões e inclusive assassinato, é preso e submetido a um tratamento de lavagem cerebral.

Um dos aspectos que torna este livro incrivelmente atractivo e de certa forma joyciano, está no idioma especial que Burgess inventou: o nadsat; este idioma resulta da mistura de russo, polaco e inglês e é o idioma calão que os adolescentes usam. A edição da Penguin não inclui o significado deste estranho vocabulário, mas basta escrever “nadsat” no Google para obter páginas de conversão de nadsat para inglês. Ao início torna-se complicado compreender que “slooshy” significa “ouvir”, ou que “gulliver” é “cabeça”, mas é um desafio que ao fim de algumas páginas se torna enriquecedor, acredite. Voltando a Alex, cujo nome vem do latino “a-lex”e significa “sem lei”, temos um adolescente completamente virado para a ultra violência e desrespeito pelas regras sociais, e temos também um indivíduo devoto a Bach e Beethoven, sobretudo este último: a 9ª Sinfonia é o tema favorito deste rufia. Após violar a matar uma mulher, e traído pelo seu gangue, Alex é enviado para a prisão, onde é depois submetido a um tratamento de lavagem cerebral anti-violência.

A mensagem principal de Burgess consiste na liberdade de escolha que todos nós temos o direito de fazer. Percebe-se que a obra transmite a ideia de que se calhar é melhor um ser humano mau do que ser condicionado a ser bom - ainda assim, Burgess lamentou o facto de que o romance tenha sido mal interpretado pelos críticos e media conservadora. A mensagem secundária, a meu ver, prende-se com o cuidado que temos que ter com os governos que elegemos e o poder que lhes damos enquanto cidadãos. Até que ponto é preferível sermos observados e controlados? – de qualquer das formas, A Clockwork Orange não é tão extremista quanto George Orwell.

A adaptação de Stanley Kubrick é algo que só pode ser totalmente compreendido com a leitura desta ímpar, ímpar obra. 

Nota: esta crítica foi baseada na leitura da obra no seu idioma original, o inglês.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Converge reeditam «Caring and Killing»


Os Converge vão reeditar este ano o seu primeiro disco Caring and Killing via Hydra Heads Records. Esta colecção de material da banda de Massachusetts foi remasterizada por Alan Douches nos estúdios West West Music e a qualidade de som promete ser a melhor entre todas as edições deste disco. Aaron Turner, dono da editora, e Jacob Bannon envolveram-se ambos no novo artwork do disco.

Este disco faz parte da Hydra Health, um projecto de revitalização da Hydra Head Records.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Alcest «Les Voyages de l’Amê»



As barreiras que separam o rock do metal estão progressivamente a ceder, e isso é algo que deve ser enaltecido. Há uns bons anos seria impensável imaginar uma ligação entre o indie rock e o metal, especialmente o metal de carácter mais extremo; mas como a sociedade e a própria cultura evoluem, os preconceitos caem e o próprio Thurston Moore, dos Sonic Youth, se envolveu recenetemente com Twilight, um projecto que reúne músicos de Nachtmystium, Krieg e Leviathan.

Da decadência e ódio dos Peste Noire até à luz e energia positiva: assim é a história de Neige, o mentor destes Alcest. Como explicado na crítica à reedição de Le Secret, Neige aborda aqui o «conjunto de memórias da sua infância que o levavam para um mundo onírico, distante da Terra, habitado por fadas e composto por riachos, árvores e grandes florestas que emitem uma luz forte adornada por pérolas e onde a música celestial preenche o ar puro de perfume». Pois, este tipo de comentários vindo de alguém com um passado enraizado no black metal extremo seria impensável há poucos anos, mas é bom constatar que as palas vão caindo.

Comparativamente com Écailles de Lune, que globalmente é mais melancólico e se divide em duas partes - a primeira metade agressiva e intensa, o resto do disco abraça o som mais ambiente e melódico, Les Voyages de l’Amê funciona como uma viagem mais etérea e onírica. De facto, e sem ter operado uma mudança radical no som, Neige explora neste disco um lado mais melódico e (ainda mais) harmonioso, com vozes ainda mais limpas alternadas com laivos berrados. Autre Temps, o primeiro tema do disco, deambula pelos dedilhados, guitarras semi-acústicas, coros graciosos e orelhudos, definindo muito daquilo que o disco vai revelar, em traços gerais. Tal como o blast beating típico do black metal, os primeiros gritos surgem em Là où Naissent les Couleurs Nouvelles, um dos temas mais fortes e convincentes do álbum, resgatando o legado do indie e do shoegaze do final dos anos 80, desaguando num bonito solo à la Dinossaur Jr. Ainda assim, refira-se que os gritos e a percussão black metal dão aqui e ali o ar da sua graça, visto que estão bem camuflados neste conceito de harmonia que Neige visou implementar.

Les Voyages de l’Amê solidifica ainda mais a discografia da banda, elevando ainda mais a harmonia e beleza deste projecto, e neste ponto a produção polida ajuda de sobremaneira.

8.5/10

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Mudhoney editam novo trabalho


Os Mudhoney preparam-se para editar o seu 9º registo de originais, Vanishing Point, no dia 1 de Abril na Europa. O primeiro tema da banda, The Only Son of the Widow from Nain, está disponível para download gratuito aqui.

Mark Arm, vocalista da banda, promete um disco de rock feito "para ser tocado ao vivo".

Alinhamento do registo:
 
1) Slipping Away
2) I Like It Small 
3) What to Do with the Neutral 
4) Chardonnay
5) The Final Course
6) In This Rubber Tomb 
7) I Don’t Remember You 
8) The Only Son of the Widow Nain 
9) Sing This Song Of Joy
10) Douchebags on Parade

domingo, 13 de janeiro de 2013

Black Sabbath com novo disco


A lendária banda britânica de metal revelou hoje que o seu novo disco de originais se vai chamar 13 e que será editado no mês de Junho. Este registo está a ser gravado com Bradd Wilk, baterista dos Rage Against the Machine e a produção encontra-se a cargo de Rick Rubin (Slayer, AC/DC, Beastie Boys, etc).

13 assinala o regresso de Ozzy Osbourne à banda, depois de em 1978 ter gravado Never Say Die e ter perseguido carreira a solo.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Deftones «Koi No Yokan»



Koi no yokan é uma expressão japonesa atribuída a situações em que duas pessoas se apaixonam e têm o pressentimento de que vão ficar juntas até que a morte as separe. É um bonito conceito que encaixa perfeitamente, uma vez mais, num disco de Deftones. Aconteceu sobretudo com White Pony e Diamond Eyes.

White Pony é um dos melhores discos rock de todo o sempre, um disco que trouxe para a ribalta bandas de diferentes quadrantes musicais com aptidões pela experimentação shoegaze e dreampop, e a verdade é que o disco continua fresco e altamente original, 13 anos após o seu lançamento. Deftones, de 2003, revelou-se-me um álbum difícil de entender e apreciar, mas hoje dou-lhe o seu devido valor e reconhecimento. No entanto, não é um WhitePony, nem é isso que o ouvinte deve pedir a uma banda: chocolate é bom, mas os vegetais também fazem falta. Espero que me esteja a fazer entender.

A mais pura das verdades é que este colectivo norte-americano, de Sacramento, se mantém com a inspiração em alta: Koi No Yokan transpira beleza, emana sensualidade, harmonia e um dispersa uma ligeira melancolia misteriosa. Em termos criativos, a inspiração do legado The Cure e de outros monstros da pop/rock dos anos 80 e a sua fusão com o rock melódico adocicado com colheradas de metal, cortesmente servidas pela guitarra de Carpenter, dão um encanto especial ao mundo deftoniano. Ainda assim, convém não reduzir a sonoridade à fórmula matemática thecure+pop/rock+metal, pois isso implicaria mascarar uma banda que soube amadurecer sem ter que seguir as tendências do mercado. Como classificar uma pérola como Leathers? Em termos líricos, é um tema transcendente: «This is your chance… / revolt, resist! Open you chest, look down, reach in / shedding your skin, showing your texture / time to let everything inside show / you're cutting all ties now and forever, time to let everything outside you 

Entre 11 temas fortíssimos, escolher separadamente é como perguntar a uma criança se gosta mais do pai ou da mãe, mas ainda assim espero que as associações de pais e menores espalhadas por este mundo fora não se zanguem comigo: os riffs pesados de Swerve City, o brilho e vida de Leathers, a birra de Poltergeist, a melancolia de Entombed, a hipnose rítmica de Graphic Nature, o refrão de Tempest, e o amor de What Happened to You? Chino Moreno canta e encanta cada vez mais e melhor, é um facto que deve ser mencionado: é assustador conferir a sua evolução desde Adrenaline, mas a audácia e empenho costumam premiar os melhores.

É um pouco subjectivo comprar este disco com o anterior. No entanto, Koi No Yokan alimenta-se de forma ainda mais profunda, mais emocional, comparativamente a Diamond Eyes

9/10

Antonio Muñoz Molina vence Prémio Jerusalém de Literatura 2013


Antonio Muñoz Molina é o grande vencedor da 50ª edição do prestigiado Prémio Jerusalém de Literatura.

O juri entregaram o galardão ao escritor espanhol, de 57 anos, por este ser «um excelente autor e também porque a sua obra expressa a liberdade do indivíduo». As «grandes mudanças que ocorreram em Espanha durante a transição da ditadura para a democracia que expuseram a memória colectiva» foram também tidas em conta pelos juri.

Muñoz sucede assim a Ian McEwan (2011) num prémio que António Lobo Antunes já conquistou (2005).

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Finalistas do Prémio Literário Casino da Póvoa 2013




No âmbito da 14.ª edição do Correntes d’Escritas – Encontro de Escritores de Expressão Ibérica, que irá realizar-se entre 21 e 23 de Fevereiro de 2013, os nomeados do Prémio Literário Casino da Póvoa são os seguintes:

Ferreira Gullar, Em Alguma Parte Alguma (Ulisseia)
Manuel António Pina, Como se desenha uma casa (Assírio & Alvim)
Hélia Correia, A Terceira Miséria (Relógio d’Água)
Fernando Guimarães, As Raízes Diferentes (Relógio d'Água)
José Agostinho Baptista, Caminharei Pelo Vale da Sombra (Assírio & Alvim) 
Armando Silva Carvalho, De Amore (Assírio & Alvim)
Luís Filipe Castro Mendes, Lendas da Índia (Dom Quixote) 
Bernardo Pinto de Almeida, Negócios em Ítaca (Relógio d’Água)

O Júri, constituído por Almeida Faria, Carlos Vaz Marques, Helena Vasconcelos, José Mário Silva e Patrícia Reis, reunirá no dia 20 de Fevereiro para eleger o vencedor de um prémio que o best-seller Carloz Ruiz Zafón venceu, em 2006, com o romance A Sombra do Vento. O anúncio dos premiados realizar-se-á no dia 21, pelas 11h00, no Casino da Póvoa, na Sessão de Abertura da 14.ª edição do Correntes d’Escritas.