quarta-feira, 28 de março de 2012

Cannibal Corpse «Torture»


Vira o disco, toca o mesmo. Vinte e quatro anos de carreira, doze discos, mais famosos que os tremoços nas lides do death metal, os Cannibal Corpse continuam praticamente fiéis a si mesmos em termos de composição, letras e sonoridade. Creio que ainda está para vir o dia em que estes nova iorquinos vão decidir incorporar algo melódico, solos neo-clássicos ou participações femininas num disco.

Não mudaram muito, mas as diferenças entre a era Eaten Back to Life/The Wretched Spawn para Kill/Torture são perfeitamente visíveis, e leva uma vantagem muito maior a primeira. Não foi pelas saídas de Chris Barnes e Jack Owen e respectivas entradas de Geoge “Corpsegrinder” Fisher na voz e Rob Barrett na guitarra (este, na realidade, regressou em 2005) já tinha estado que a banda piorou, de facto, se enveredarmos por esse caminho – e comparando os supra-sumo The Bleeding e Tomb of the Mutilated com Vile e Gallery of Suicide – os fãs têm razões mais que suficientes para não se queixarem. Não, o problema foi uma ligeira falta de inspiração para comporem temas notáveis e que tanto fazem as delícias do apreciador deste género musical: Stripped, Raped and Strangled, Meat Hook Sodomy, Staring Through the Eyes of the Dead, Sentenced to Burn, Mummified In Barbed Wire, Hammer Smashed Face, etc.

Torture aposta num groove que, ainda que tradicional na banda, por vezes, se revela demasiado acentuado, deixando de lado a faceta mais extrema do grupo. Há aqui bons momentos de bom death metal e grandes pormenores no baixo por parte de Alex Webster, mas não é menos verdade que nenhuma faixa se destaca muito no disco. Na verdade, o longa duração até começa bem com Demented Aggresion, tipicamente Cannibal Corpse com um ritmo acelerado (nunca será brutal pois o baterista não tem a pedalada necessária), tem presentes alguns bocejos acentuados pela forma de Scourge of Iron, Followed Home then Killed e The Strangulation Chair e temas que, não duvidando de que funcionarão muito bem ao vivo, não trazem nada de realmente novo à discografia. Há aqui, no entanto, bons momentos de death metal típico do conjunto e algum virtuosismo/solos bem conseguidos, mas no final de contas, caem num certo marasmo que, camuflado em Kill, se tornou evidente no anterior disco.

Fiéis à sua sonoridade base, os cinco músicos não conseguiram criar aqui um disco que se esperava, nem a produção por parte de Erik Rutan parece convencer. As letras presentes continuam na ode ao gore e, nesse aspecto, bem mais sangrentas que as doze faixas do disco.

6/10

terça-feira, 20 de março de 2012

Rotten Sound «Cursed»


Em quase mais de trinta anos de existência, o movimento grindcore sofreu várias alterações, muitas mutações, mas creio as bandas que colhem mais simpatia por parte dos aficionados do género têm estado à altura do desafio. Se, por exemplo, os Extreme Noise Terror andaram perdidos em experiências menos bem conseguidas com o death metal, os Napalm Death entraram em modo experimental já desde os tempos de Fear, Emptiness, Despair e várias bandas refrescantes surgiram nos últimos tempos a misturar o grindcore com outros sub-géneros musicais. Exemplos crassos de Converge, Trap Them, Dillinger Escape Plan e Soilent Green.

Os finlandeses Rotten Sound contam já com seis álbuns de estúdio, inúmeros EPs e muita experiência acumulada ao longo de quase vinte anos de existência, experiência esta que lhes permite continuar a gravar discos com diferenças musicais que vão para além do subtil. Tal como os suecos Nasum, este grupo sabe misturar o mais extremo blast beat com o solo mais metal e a quebra de ritmo acentuada, com muito groove, caminhando por caminhos pouco ortodoxos no género que ficou popular por temas com o máximo de duração de 30 segundos. Um bom disco desta natureza só pode ficar 100% audível com um baterista capaz de aguentar a adrenalina e a dinâmica que lhe são exigidas, e neste capítulo Sami Latva, que já tinha gravado Cycles em 2006, é um profissional à altura do cargo. Instrumentalmente, estes quatro músicos são capazes de criar estruturas ligeiramente mais trabalhadas, ainda que o baixo de distorção máxima por vezes camufle um pouco a guitarra, mas nada de mais ou sequer artificial.

Contando com a presença de convidados especiais de Entombed, Misery Index, Aborted, entre outros, Cursed tem bastantes semelhanças com o anterior Cycles na estrutura e na interpretação do grindcore frenético em temas como Self, Green, Alone e Machinery, mas também os há os solos de guitarra – com destaque para o de Hollow –, alguns riffs vincadamente death metal e temas com uma abordagem bem mais lenta, praticamente sludge, que emprestam variedade ao disco. Apesar de alguns contastes existentes entre temas, o som dos Rotten Sound acaba por se tornar homogéneo no global e tocam até temas que mesclam o groove com o blast beat desenfreado, como se pode escutar em Exploit

Distante dos tempos do gore e do humor negro de Psychotic Veterinarian, os alvos das letras de Keijo Niinimaa são os políticos, o consumismo e todo o sistema global de capitais visados em Choose («Every transaction makes you closer to a nirvana of self consumption»), Hollow («You keep yourselves busy by serving your masters, slaves of society, ignoring reality») ou Green («Fake ecology by green economy, everything is made of recycled materials to be consumed again in the future»). Realce-se que os temas do disco têm apenas uma palavra no título; iniciando-se em Alone e terminando com Doomed, este Cursed é puro “food for thought”.

Com este registo, não é de estranhar que os finlandeses assumam cada vez mais protagonismo na elite do grindcore, provando que é no norte da Europa que despontam as maiores bandas. A participação de Keijo Niinimaa no lugar do ícone Mieszko Talarczyk, na última tour dos Nasum marcada para este 2012, dissipa qualquer dúvida em relação ao talento destes músicos.

8.5/10

sábado, 17 de março de 2012

Francis Scott Fitzgerald «O Grande Gatsby»


De há um tempo para cá, tenho andado entretido nos grandes clássicos da literatura da Relógio D'Água, editora que tem um catálogo que muito aprecio e que tão boas horas de leitura me tem proporcionado. Decidi ler algo norte-americano, algo que muitos me tinham recomendado e que, confesso, pessoalmente há muito que tinha intenções de ler: Francis Scott Fitzgerald. A curiosidade no autor era redobrada muito graças a um grande filme adaptado a partir de um conto seu a que assisti, de seu nome O Estranho Caso de Benjamin Button.

Nascido no Minesota em 1896, Fitzgerald fez parte da chamada “Geração Perdida”, movimento literário-cultural de intelectuais norte-americanos expatriados e combatentes na Primeira Guerra Mundial, do qual sobressaíram também nomes como os de Ernest Hemingway, T. S. Elliot ou o nosso John dos Passos. A obra passa-se precisamente no pós-guerra e numa sociedade norte-americana onde o “american dream” se fazia sentir graças ao aumento da economia e do nível de vida da sociedade dos Estados Unidos, época onde vigorou a proibição do álcool. A personagem principal é Nick Carraway, um jovem de 30 anos que serviu na grande guerra e regressa para viver no West Egg, Long Island, numa casa vizinha da faustosa mansão do poderoso e “bon vivant” Jay Gatsby, um magnata de origens humildes que também esteve na frente de batalha e que subiu na vida fruto do contrabando de álcool. 

Paralelamente à boa relação de amizade e respeito entre Nick e o Grande Gatsby, temos o casal Tom e Daisy Buchanan e a amiga Jordan Baker. Tom, um magnata conservador com ideias racistas, casou com o grande amor da vida de Gatsby, a bela e sonhadora Daisy, mas mantém uma relação extra conjugal com outra mulher. Daisy, que tem conhecimento das traições do marido, manteve uma relação próxima de Gatsby até que este foi para a guerra e deixaram de se ver; apesar da distância e dos anos que passaram, ambos reacendem a chama amorosa no momento em que Nick passa a frequentar as festas do vizinho e lhe conta um pouco da vida deste. Uma vez todos juntos, desenvolve-se uma narrativa de alguma tensão e atritos entre Tom e Gatsby que se vêm agora envolvidos na luta pela mesma mulher que ambos juram amar.

Fica a ideia de um retrato fiel da extravagante sociedade de consumo nova iorquina e, acima de tudo, uma bonita história de amor entre um enigmático milionário que tem tudo na vida, excepto o amor de uma mulher que se casou com outro homem. Fica a nítida sensação de que falta um aprofundar das relações entre todas estas personagens – ou pelo menos uma maior descrição das mesmas - e uma maior detalhada situação da vida de Jordan, que é golfista profissional e pouco mais nos é revelado sobre ela. Apesar de por vários momentos eu ter desejado que o narrador fosse mesmo Gatsby para que a misteriosa vida do mesmo fosse desvendada, Nick Carraway é o condutor perfeito da energia que faz a ponte entre o leitor e o milionário.

Um óptimo romance típico da grande literatura norte-americana de autores do início do séc. XX que me acompanhou durante esta semana que passou. Não teve o impacto que a imprensa literária alega, nem é seguramente se me revelou como o melhor romance norte-americano que li até hoje, mas que mesmo assim prova que é uma boa obra merecedora de leitura cuidada.  

terça-feira, 13 de março de 2012

Admiral Angry «Buster»


Admiral Angry é um daqueles nomes algo peculiares que soa a algo do início deste século, directamente saído das dezenas de bandas de noise/mathcore que utilizavam nomes invulgares e/ou longos para títulos de temas. Bom, este conjunto da Califórnia não se enquadra nessa onda e assenta a sua sonoridade no downtempo/sludge sujo e pesadão que me recorda um pouco os bons velhos tempos de Iron Monkey – para citar apenas um entre tantos outros grandes nomes.

Há muito a rodar por estes lados, a rodela que vem dentro da caixa do disco é daqueles tesouros muito bem escondidos nos poços do underground. Por detrás daquele artwork fofinho que erradamente induz o ouvinte num disco de indie rock, esconde-se um monstro de nove cabeças sedento por ouvintes que compreendam a sonoridade vanguardista e anti-comercial que os Admiral Angry compõem. O disco abre com o feedback de guitarras e baixo, acompanhados pelo ritmo lento e pesado da bateria, riffs repetitivos e minimalistas, o desespero do eco dos berros de Chris Lindblad a gritar Sex with a Stranger.  Tão caótico, demorado, sinistro e ao mesmo tempo tão, mas tão brutal como aquela Black Sabbath que Ozzy, Tommy, Geezer e Bill gravaram há 42 anos.

Kill Yourself, um dos vários temas explicitamente negativos que fazem parte do registo, usa e abusa da afinação instrumental grave que os Meshuggah vêm utilizando há muito e que os Black Sheep Wall tão bem têm explorado, aumentando substancialmente o nível da qualidade do som desta banda, na medida em que encaixa que nem uma luva na temática geral e uniformidade da sonoridade que querem passar ao público. Nenhum tema possui um ritmo acelerado ou grandes variações rítmicas, favorecendo de sobremaneira o baixo e bateria que, em termos de produção, se apresentam no pico dos melhores discos que ouvi até hoje; de facto, a lentidão com que os instrumentos são tocados intimida (passe-se a expressão) bem mais que 90% das bandas de grindcore contemporâneo que geralmente recorrem a meios artificiais para imprimir pujança. 

Infelizmente, o guitarrista, principal compositor e grande Almirante da banda Daniel Kraus faleceu em 2009 vítima de fibrose quística e não pode presenciar o excelente feedback que a banda tem recebido nestes últimos três anos por parte de um público muito específico. Apesar do lado negro das letras, todos os lucros deste disco e do EP A Fire to Burn Down the World revertem a favor de instituições de cura da fibrose química. Em suma, fãs do doom metal e sludge extremo e vanguardista vão adorar Buster, um disco muito especial que pessoalmente me relembra os tempos de In Utero na simplicidade com que os músicos compõem e pela satisfação final que obtenho após escutar a sua música.

8.5/10

sexta-feira, 9 de março de 2012

Witold Gombrowicz «Ferdydurke»


Onde começa a maturidade? Quando acaba a imaturidade? Em que deve incidir a forma? E a análise? Quando é que nos tornamos verdadeiramente adultos? Estas e outras questões são alvo de chacota no recém-publicado romance Ferdydurke, da autoria de Witold Gombrowicz, escritor polaco que se debruçou sobre o absurdismo e niilismo – entre outras temáticas – na sua obra literária. 

Publicado originalmente em 1937 na Polónia Pós-guerra sob as ameaças nazi e soviética, esta obra desafia a sociedade polaca ao nível da literatura, arte, filosofia e política. Kowalski, o protagonista do romance, tem trinta anos e acorda um dia para se tornar num miúdo de dezassete para voltar à escola e ao campo. Tal como noutros escritores que publicaram grandes romances no início do séc. XX, esta obra parece linear, quando na realidade é o oposto dessa mesma situação graças à quantidade de acontecimentos que se sucedem sem aparente razão ou lógica, obrigando o leitor a reflectir profundamente sobre as situações que de real pouco ou nada têm; situações que nos transportam para o mundo do sonho e de uma realidade alternativa, onde o riso e a paródia imperam sobre o quotidiano.

Gombrowicz exprime-se através do irreal para ridicularizar o real. Depois de ir novamente para a escola pela mão de um professor moderno e recuperar a adolescência, Kowalski é enviado para junto da família dos Novos, onde conhece uma revolucionária adolescente extremamente moderna. Como se deduz pelo apelido desta família e pelos professores que leccionam na escola e as situações que decorrem na sala de aula e no recreio – de onde ressalvo uma brutal luta de caretas entre os defensores das donzelas, donzéis e os bons costumes e os “renegados”, os que defendem o uso do palavrão, os anti-sistema – a estupidez é levada e elevada ao máximo quando Gombrowicz identifica o alvo e trata de o estupidificar, passe-se o eufemismo. Através de uma linguagem inteligente e absurda, o autor passa a sua crítica à maturidade, à literatura polaca e, em particular, à sociedade dita vanguardista.

Ferdydurke é uma obra satírica a todos os pontos, excepto o da imaturidade, estado esse que Witold Gombrowicz explora à repetitivamente quer ao nível da linguagem, quer ao nível do comportamento. A tradução do livro é de alto nível e as notas de rodapé são essenciais para a compreensão dos trocadilhos polacos por parte do autor; No fim do romance há ainda uma entrevista conduzida por Álvaro Lapa intitulada O mundo demencial de Witold Gombrowicz ou a razão recuperada por sonhos, publicada em 1995 na revista [up]arte.

segunda-feira, 5 de março de 2012

«Fumo»


Baseado num conto que escreveu em 1990 para o New York Times, Smoke é o primeiro filme de Paul Auster, indubitavelmente um dos maiores escritores norte-americanos da actualidade. Tal como em vários dos seus romances, a narrativa deste filme passa-se na cidade de Nova Iorque no início da década de 90 e tem como base uma loja de cigarros e charutos onde todos se encontram.

Auggie (Harvey Keitel), o dono do estabelecimento e uma das personagens principais, é amigo de Paul Benjamin (William Hurt), um romancista tristonho que perdeu a sua esposa na rua em frente à loja e que procura conforto na presença deste seu amigo que vem a descobrir que é pai de uma filha de 18 anos viciada em droga, fruto duma relação passageira com Ruby. Thomas Jefferson Cole (Harold Perrineau, famoso pela sua participação na série Perdidos), um miúdo de 17 anos que nunca conheceu o pai, salva a vida de Paul quando este se distrai e quase é atropelado. Paul retribui-lhe com guarida no seu apartamento, mas Rashid (um dos vários nomes pelos quais Thomas se dá a conhecer) meteu-se em sarilhos com criminosos e parte em busca de emprego e do seu lugar na vida, onde acaba por conhecer Cyrus (Forest Whitaker), um mecânico. Cyrus aceita Thomas como seu funcionário e conta-lhe que perdeu o seu braço num acidente de viação que tirou a vida à sua amada. Com o desenrolar da estória, Cyrus descobre que é o pai de Thomas.

A loja funciona aqui como ponto de encontro entre várias pessoas que todos os dias caminham as ruas de Brooklyn – onde Paul Auster reside - e que se estimam muito entre todas. Paul Auster e Wayne Wang realizam em conjunto um filme muito agradável que incide sobre os laços de amizade entre cinco pessoas distintas, ainda interligadas e dependentes umas das outras. Sem cair no dramático e sentimentalista, cada dia na loja de cigarros é o necessário para o bem-estar e faz parte do quotidiano. Ligado a vários aspectos da obra de Auster e com um conjunto de bons actores, Fumo é um bom filme que recomendo a todos.

Título original: Smoke
Argumento: Paul Auster
Realização: Paul Auster, Wayne Wang

quinta-feira, 1 de março de 2012

Clarice Lispector «Laços de Família»


É de lamentar que os grandes autores brasileiros sejam desconhecidos em terras de Portugal e que o contrário também suceda no outro lado do oceano Atlântico. É difícil de compreender esta situação, visto que – dizem os governos – somos dois países irmãos e no entanto, encontrar um livro de João Guimarães Rosa numa livraria não é tarefa fácil, entre tantos outros fantásticos autores. Tenho a agradecer à Relógio D’Água por publicar a obra de Clarice Lispector.

Laços de Família é um conjunto de treze contos publicados em 1960, no Brasil, que incidem sobre a vida no geral e a vida pessoal de Lispector no particular, na minha opinião. Lidando sobretudo com temas da vida feminina, mas também com questões familiares (como o próprio título indica), este registo tem em Amor, Mistério em São Cristóvão, O Búfalo, Os Laços de Família e Preciosidade os seus pontos mais altos, mas claro, isso é sempre discutível. Um dos meus favoritos é o referido Os Laços de Família, que retrata o aniversário dos 89 anos de uma senhora e de toda a sua família que se junta não para apagar as velas, mas para discutir sobre interesses económicos, gerando um mal-estar geral e a revolta da aniversariante. O Búfalo, outro texto marcante da obra, trata sobretudo a decepção amorosa e o ódio contra a vida por parte duma jovem que se encontra num jardim zoológico metafórico onde vários animais se encontram enjaulados, simbolizando a solidão; contudo, os animais amam-se e a personagem (feminina – como em quase todos os contos) encontra num búfalo solitário, um animal com o qual a protagonista se identifica.

Como Clarice Lispector referiu variadíssimas vezes, escrever é viver. É através da escrita que o ser humano se relaciona e se imortaliza, como acabou por suceder com os contos e os romances desta autora lusófona. Contos de Clarice Lispector, editado também pela Relógio D’Água, reúne todos os outros contos que a escritora redigiu, funcionando como um óptimo complemento a este título.