quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Teolinda Gersão «Paisagem com Mulher e Mar ao Fundo»



A literatura portuguesa pós-25 de Abril representa um dos períodos de maior liberdade e reconhecimento para alguns dos mais consagrados autores portugueses. De facto, José Saramago, António Lobo Antunes, Lídia Jorge, o falecido José Cardoso Pires e outros dedicaram pelo menos um romance ao período pré revolução dos cravos. 

Teolinda Gersão, nascida em Coimbra, 1940, aborda o período da nossa história governado por António de Oliveira Salazar – que na obra se chama simplesmente O.S. –, a crueldade de uma ditadura que atrasou um povo soberano e o lugar da mulher na sociedade. O romance aborda a vida de duas mulheres portuguesas, Hortense e a sua nora, Clara, que tentam lidar com a morte de Horácio, marido de Hortense, e Pedro, filho de Hortense, marido de Clara. Estes dois personagens masculinos morrem ambos pela mão do Estado Novo, pois Pedro é enviado contra vontade para o ultramar de África, onde é assassinado, e Horácio morre fruto de perseguições da PIDE.

Teolinda Gersão inverte no romance o significado tradicional que os mares outrora tiveram na nossa história. De facto, o mar perde a conotação de esperança que sempre teve, para dar lugar à fatalidade e sofrimento; o envio de pais e de filhos para o ultramar é relatado com óbvia tristeza pela escritora através de Hortense, que várias vezes ironiza o mar e as conquistas portuguesas. O papel do cristianismo na sociedade, associado a Salazar, um homem elevado à qualidade de Deus, também não escapa à ira da escritora. Assim sendo, as igrejas e o papel dos padres na educação e controlo dos portugueses são severamente visados.

Ao abordar o papel da mulher e a transição que se efectuou na mesma após a revolução dos cravos, Gersão evoca um novo tipo de lugar das mulheres na sociedade – pelo menos um que não existia na altura. Objectivamente, Hortense não só se revolta contra o próprio pai, ele mesmo um elemento de grande influência no sistema salazarista, como contra o machismo veiculado pela propaganda do Estado Novo. Hortense não tem ambição de ser “mãe parideira” que faz crochet e cozinha enquanto o homem vai ganhar o pão. Não, Hortense quer-se cultivar intelectualmente e ocupar cargos que eram destinados a homens somente. Não esqueçamos que estes desejos de emancipação foram ainda suprimidos pela sociedade aquando da publicação deste livro (1982) e, bem, ainda o são um pouco, creio.

Paisagem com Mulher e Mar ao Fundo é um bom livro e um bom exercício repleto de episódios da nossa história que não podem ser nunca esquecidos, mas em abono da verdade, há romances sobre a mesma temática mais atractivos.

Prémios SPA 2013


A Sociedade Portuguesa de Autores distinguiu José Luís Peixoto, na categoria de melhor livro de poesia, graças ao livro A Criança em Ruínas. O Feitiço da Índia, de Miguel Real, venceu na categoria de melhor livro de ficção narrativa e Catarina Sobral na de melhor livro de literatura infanto-juvenil, com Achimpa.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Vencedores dos Óscares 2013


A Academia de Hollywood divulgou esta madrugada de segunda-feira os premiados na cerimónia da 85ª edição dos Óscares, realizada em Los Angeles. A lista dos vencedores é a seguinte:

Melhor filme: Argo
Melhor realizador: Ang Lee (A Vida de Pi)
Melhor actor: Daniel Day-Lewis (Lincoln)
Melhor actriz: Jennifer Lawrence (Guia para um Final Feliz)
Melhor actor secundário: Christolph Waltz (Django Libertado)
Melhor actriz secundária: Anne Hathaway (Os Miseráveis)
Melhor filme estrangeiro: Amor
Melhor filme de animação: Brave - Indomável
Melhor argumento original: Quentin Tarantino (Django Libertado)
Melhor argumento adaptado: Chris Terrio (Argo)
Melhor fotografia: A Vida de Pi
Melhor direcção artística: Lincoln
Melhor guarda-roupa: Anna Karenina
Melhor som: 00:30 Hora Negra
Melhor montagem: Argo
Melhores efeitos visuais: A Vida de Pi
Melhores efeitos sonoros: Os Miseráveis
Melhor caracterização: Os Miseráveis
Melhor documentário: Searching for Sugar Man
Melhor curta-metragem documental: Inocente
Melhor curta-metragem: Curfew
Melhor curta-metragem de animação: Paperman
Melhor canção original: Skyfall
Melhor orquestração: A Vida de Pi

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Novo filme de Rob Zombie «Lords of Salem»


Heidi, uma DJ, recebe uma estranha caixa de madeira com um disco lá dentro, um «presente dos Deuses». Após ouvi-lo, Heide liberta a força do mal na cidade de Salem. Em 1692, o Reverendo Jonathan Hawthorne condenou um grupo de bruxas à morte nos bosques à volta da cidade. Agora, o mal está novamente à solta em Salem.

O criador por detrás deste filme de terror é nada mais, nada menos que Rob Zombie, o realizador de A Casa dos Mil Cadáveres, Halloween (2007), e Os Renegados do Diabo. O filme tem data de estreia marcada para 18 de Abril nos Estados Unidos da América, sendo que ainda não se conhece o dia de estreia para o nosso país.

Assista ao trailer de Lords of Salem:
 

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Hélia Correia vence prémios Correntes d'Escritas e Vergílio Ferreira 2013


A escritora portuguesa Hélia Correia está a viver uma semana de reconhecimento. Dias depois de ter ganho o Prémio Vergílio Ferreira 2013 pelo conjunto da sua obra, a lisboeta venceu hoje o Prémio Correntes d'Escritas 2013 com o livro A Terceira Miséria.

O Prémio Vergílio Ferreira, atribuído pela Universidade de Évora, será entregue no próximo dia 1 de Março, data da morte do autor de Aparição, e o prémio Correntes d'Escritas será entregue no próximo sábado, durante a sessão de encerramento do festival com o mesmo nome.

Nascida em Fevereiro de 1949, Hélia Correia é licenciada em Filologia Românica e professora de Português do ensino secundário, tendo também feito um curso de Pós-graduação em Teatro Clássico.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Colecção de livros Lucky Luke com 'O Público'



O jornal O Público está a lançar desde o dia 6 deste mês uma colecção de livros do cowboy Luky Luke muito especial. De facto, os títulos que se podem encontrar nesta colecção já não estão há diversos anos no mercado, fazendo da colecção uma oportunidade única de recolher algumas das mais emblemáticas aventuras do herói que dispara mais rápido que a sua própria sombra.

Esta colecção compreende quinze volumes que têm o custo de 4,95€ cada um e saem às quartas-ferias com o jornal.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Robert Plant disponível para reunião dos Led Zeppelin


Depois de o próprio se ter distanciado da banda, Robert Plant revelou recentemente que está disponível para uma reunião da veterana banda de rock 'n' roll britânica. Em declaraçãos ao programa australiano 60 Minutes, o vocalista afirmou que não tem «nada para fazer em 2014» e que é preciso apenas «falar com Jimmy Page e Paul Jones» para que a banda se reúna.

Os Led Zeppelin tocaram pela última vez a 10 de Dezembro de 2007, em Londres, com Jason Bonham na bateria, substituindo o seu falecido pai John Bonham.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Harrison Ford de volta à «Guerra das Estrelas»


Os rumores de que Harrison Ford estaria de regresso ao sétimo episódio da Guerra das Estrelas intensificaram-se em Novembro de 2012 e desde então muito se especulou. Agora, e segundo um repórter da Latino Review, parece que é mesmo verdade: o veterano actor norte-americano voltará a interpretar o papel de Han Solo em Star Wars: VII, em 2015.

Apesar de a fonte ser credível, convém relembrar que Harrison Ford afirmou em 2010 que Han Solo «deveria ter morrido no último filme da Guerra das Estrelas». Entretanto, nem a Disney nem a LucasFilm confirmaram ou desmentiram a notícia.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Novo disco de Killswitch Engage em Abril


Os norte-americanos Killswitch Engage revelaram que o novo disco Disarm the Descent será editado a 1 de Abril na Europa e dia 2 na América. O grupo de metalcore, agora com o vocalista original Jesse Leache de regresso, disponibilizou ainda o tema de avanço In Due Time para consulta no You Tube.

Alinhamento de Disarm the Descent:
1. The Hell in Me
2. Beyond the Flames
3. New Awakening
4. In Due Time
5. A Tribute to the Fallen
6. The Turning Point
7. All That We Have
8. You Don't Bleed for Me
9. The Call
10. No End in Sight
11. Always
12. Time Will Not Remain

Mikhail Bulgakov «Margarita e o Mestre»



Se Satanás existisse, ele seria um professor mestre em magia negra, teria a companhia de um gato que caminha em duas patas e de capangas desdentados com poderes sobrenaturais. Satanás visitaria a União Soviética de Stalin dos anos 30, tomaria de assalto os teatros e centros culturais de Moscovo e era rapazinho para meter os maiores génios da cultura em instituições psiquiátricas.

Era bem capaz.

Paralelamente, Pôncio Pilatos recebe a vinda de Jesus Cristo na Judeia, estabelece uma estranha relação de empatia com o profeta, mas sentenceia este à morte na cruz. Bizarro? É assim o mundo de Margarita e o Mestre, um romance fustigado pela censura stalinista.

Margarita e o Mestre foi escrito entre 1928 e 1940 por Bulgakov, embora a esposa deste o tenha terminado em 1941, um ano após a morte do seu marido, e conta-nos precisamente aquilo que acabou de ler algumas linhas atrás: Woland, o misterioso Professor estrangeiro, presta uma visita à Moscovo do século XIX, em pleno auge da ditadura comunista, para semear o caos e destruição na sociedade russa. Woland é aqui Satanás, o príncipe das trevas imortal que poderá muito bem ser o próprio Stalin: a sua função é infligir o terror e castrar a cultura na Rússia. Woland não só manipula os grandes teatros de Moscovo, como também enlouquece os grandes escritores e artistas russos rumo aos hospícios.

O romance está dividido em duas partes distintas: na primeira temos Woland e Moscovo da actualidade, na segunda Jesus Cristo e Pôncio Pilatos da Judeia aquando da vinda do profeta cristão; a narrativa desenvolve-se sensivelmente em um capítulo na actualidade moscovita e outro na Judeia. Creio que a mensagem principal de Mikhail Bulgakov está na comparação metafórica e extremamente hilariante do Stalinismo com o Satanismo. Ao lermos o romance compreendemos que os capítulos de Woland são, como referido, sarcásticos e decorrem a um ritmo muito acelerado para oferecer ao leitor uma sensação de desordem e mal, enquanto que os de Jesus Cristo são descritos numa toada lenta, séria e aparentemente factual - apesar de se identificar com alguma doutrina cristã, Bulgakov não era cristão, ao contrário de Dostoyevsky, por exemplo; o romance foi alvo de perseguição e censura pela própria comunidade cristão russa.  

Margarita e o Mestre é um romance sarcástico muito interessante que facilmente se insere na grande obra literária russa sem no entanto se tornar tão apelativo como, por exemplo, os escritos de Dostoyevsky. Isto, frise-se, sem qualquer tipo de comparação.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Alice in Chains com «The Devil Put Dinosaurs Here»


Já é conhecido o nome do próximo disco dos Alice in Chains: The Devil Put Dinosaurs Here. O título do quinto álbum dos norte-americanos sobreviventes da vaga grunge dos anos 90' foi escolhido pelos próprios fãs e verá a luz do dia em Maio deste ano.

Entretanto, a banda disponibilizou aqui o vídeo do making of  de Hollow, single do novo disco.


domingo, 10 de fevereiro de 2013

Exposição sobre Clarice Lispector na Fundação Gulbenkian


No ano em que passam 35 anos sobre a morte de Clarice Lispector, a Fundação Gulbenkian apresenta a exposição A hora da Estrela, integrada nas comemorações do Ano do Brasil em Portugal. Divulgar a obra de uma das mais destacadas vozes da literatura brasileira é um dos objectivos desta exposição que ocupará a Sala de Exposições Temporárias do Museu Calouste Gulbenkian, entre 5 de Abril e 23 de Junho.

No Brasil mais de 700 mil pessoas viram esta exposição que mostra textos, fac-símiles, fotografias, documentos pessoais, mas também recria ambientes e cenários que inspiravam a escritora.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Cult of Luna ao vivo no Hard Club, Porto, 28/01/13

Fotografia: Ricardo Almeida

O final de Janeiro assinalou o regresso de uma das bandas mais originais e intensas que a Suécia criou nos últimos 15 anos. Praticantes de uma sonoridade vanguardista que vagueia algures pelo post-rock e o sludge atmosférico, os Cult of Luna tinham estado por cá em 2005 e 2007, altura em que se encontravam a promover os seminais Salvation e Somewhere Along the Highway, respectivamente. Na bagagem trouxeram consigo a novidade Vertikal, inspirado no filme Metropolis de Fritz Lang, um disco ligeiramente diferente do habitual, mas com o cunho pessoal do grupo.

Por motivos pessoais, não foi possível assistir à primeira parte do concerto que esteve ao encargo de HHY. Por volta das 22h00, num ambiente escuro e intimista, o conjunto liderado por Johannes Persson, já sem Klas Rydberg na voz, entrou em palco ao som hipnotizante de The One e I: The Weapon, dois temas do novo disco que resultaram de forma excelente, assim como todo este novo disco. De facto, em disco são uma das maravilhas que a vida tem para nos dar, mas é sobretudo em palco que a sonoridade desta banda toca profundamente na mente e coração. O concerto prosseguiu a marcha e aumentou a temperatura da sala 2 do Hard Club com a percussão brutal de Ghost Trail e a beleza melancólica de Finland, dois temas bem conhecidos e muito aguardados por parte da plateia.

Seguiram-se os trinta minutos introspectivos de Mute Departure a Vicarious Redemption, depois o regresso a Kingdom Eternal através do tema Owlwood, e novamente lá fomos nós para Vertikal. O material antigo destes suecos é tão bom e diversificado que ficamos sempre com uma ligeira sensação de que “podiam ter tocado este e aquele tema”, - e teria sido grandioso ouvir Leave Me Here, Waiting For You ou Dim, entre tantos outros - mas verdade seja dita, a tripla final Passing Through / Disharmonia / In Awe Of encheu as medidas de quem se deslocou ao Porto e convenceu os mais cépticos em relação à direcção ligeiramente menos melódica e mais mecânica do novo disco.  

Por último, há que referir que a qualidade do som na sala esteve simplesmente divinal: as vozes, ainda que gritadas durante quase todo o concerto, foram audíveis o tempo todo, sem sobreposição da distorção maciça do baixo e das três guitarras, e os dois bateristas puderam explorar os seus instrumentos sem causar dores de ouvidos ao público. Esperemos que os Cult of Luna regressem num futuro muito, muito próximo.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Optimus Primavera Sound 2013


Aquele que é apelidado por muitos de o melhor festival de música independente do mundo tem passagem assegurada pela cidade do Porto. 

O Optimus Primavera Sound 2013 reúne alguns dos maiores nomes do rock independente e experimental, dos quais se destacam Dead Can Dance, Dinossaur Jr., My Bloody Valentine, Nick Cave & the Bad Seeds, Explosions in the Sky, The Sea and the Cake, Shellac, Swans ou Blur.

O festival decorrerá de 30 de Maio a 1 de Junho no Parque da Cidade e os bilhetes têm o custo de 110€ - passe geral - se comprados até 11 de Fevereiro, embora ainda hajam na Fnac packs de valor inferior. No dia 12 as lojas Optimus comercializarão igualmente bilhetes abaixo dos 110€.


domingo, 3 de fevereiro de 2013

My Bloody Valentine regressam com novo disco


Os irlandeses My Bloody Valentine editaram ontem o seu terceiro disco de carreira: m b v. O famoso grupo de shoegaze/indie dos anos 80, liderado por Kevin Shields, regressa assim de forma algo inesperada aos registos musicais, depois de terem lançado Isn't Anything (1988) e Loveless (1991).

As reacções por parte da imprensa ao disco têm sido muito positivas, como comprova a pontuação máxima que a Vinyl Face atribuiu.

Alinhamento de m b v:
01. She Found Now – 5:06 
02. Only Tomorrow – 6:22 
03. Who Sees You – 6:12  
04. Is This and Yes – 5:07 
05. If I Am" – 3:54 
06. New You – 4:59   
07. In Another Way – 5:31 
08. Nothing Is – 3:34  
09. Wonder 2 – 5:52

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Black Flag reúnem-se


Surpreendentemente, Greg Ginn anunciou a reunião de uma das mais lendárias bandas de hardcore punk dos anos 80: Black Flag. Ginn, o guitarrista fundador da banda, reuniu-se com Ron Reyes - o vocalista do grupo em 1979 - e Gregory Moore, faltando ainda por saber quem será o baixista.

Os Black Flag gravaram, entre outros discos, os seminais My War e Damaged, e foram muito provavelmente a maior banda de hardcore dos anos 80, juntamente com Bad Brains, Dead Kennedys e Minor Threat. Os norte-americanos têm para já datas marcadas para os Estados Unidos e Europa, de onde se destaca a sua presença no festival espanhol Resurrection Fest a decorrer este Verão.

A banda encontra-se também a compor material para um novo disco que não contará com Henry Rollins na voz.