sábado, 22 de dezembro de 2012

Gonçalo M. Tavares «O Bairro»



Tinha em alta consideração Gonçalo M. Tavares. Afinal de contas, tinha gostado muito da tetralogia O Reino e, bem, também o escritor foi um dos vencedores do Prémio José Saramago – aquele galardão que nunca foi atribuído pelo autor de A Jangada de Pedra.

Ora, num impulso consumista e aproveitando as promoções que o final de ano e Natal proporcionam, lá caí na asneira de comprar os packs de O Bairro I e II. Esta colecção de micro-contos e aventuras de várias personagens tiradas do mundo da Literatura, Cinema e Artes em geral é manifestamente um bocejo matinal prolongado até á noite. Gonçalo M. Tavares tentou ser filosófico e anedótico, ao mesmo tempo, mas de filosofia isto nada tem. E se estes livrinhos são para fazer rir, Fernando Rocha é um supra-sumo da comédia se comparado com Tavares. 

«Lemos este livro recordando Lewis Carroll e com a permanente impressão de estarmos a ser interpelados na nossa lógica de seres, por assim dizer, normais [...]», escreve o crítico literário José António Gomes sobre O Senhor Valéry (supõe-se que seja o poeta Paul Valéry): não, caro José António Gomes, o senhor Valéry não recorda rigorosamente nada Lewis Caroll. Mas José António Gomes vai mais longe. Caso contrário, vejamos o que diz sobre Gonçalo M. Tavares: [...] a obra de Gonçalo M. Tavares é um primoroso exercício de inteligência, de graça e de rigor de linguagem.». Mentira. Há apenas o rigor de criar historinhas aborrecidas e previsíveis. Ler O Bairro é como comer chocolate sem açúcar, praticar futebol com uma bola furada, comprar A Bola e esperar imparcialidade.

Uma colecção de pseudo-filosofia / comédia amadora a evitar a todo o custo.

6 comentários:

  1. Olá Simão,

    Da serie O Bairro apenas li O Senhor Eliot e as Conferências e confesso que gostei bastante.
    Não percebo quando escreve "foi um dos vencedores do Prémio José Saramago – aquele galardão que nunca foi atribuído pelo autor de A Jangada de Pedra."
    Continuação de boas festas.

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    1. Olá, Tiago.
      Quero dizer que nunca foi o próprio José Saramago a atribuir o prémio, mas sim outras pessoas que o fizeram por ele.

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    2. Do ponte de vista formal, sim ele não fazia parte do juri, mas Pilar del Rio estava lá. Se Pilar estava, as vontades de Saramago eram certamente as que mais contavam. Valter Hugo Mãe,Tavares, ou Tordo eram todos autores que Saramago convivia, que gostava, que li.

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    3. Também eu os li, mas VHM é um excepcional dentro desse trio.

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    4. Também gosto muito de VHM. a máquina de fazer espanhóis faz parte da minha lista dos melhores livros que li.
      Confesso que espera mais de O Bom Inverno de João Tordo.

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    5. O Bom Inverno? É um livro que desgosto bastante. Percebes o que há algum tempo tenho vindo a dizer sobre os galardões? Tordo foi um dos vencedores do Prémio Saramago...

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