domingo, 13 de fevereiro de 2011

José Luís Peixoto «Morreste-me»


José Luís Peixoto lançou recentemente o seu Livro, porém, deu-se a conhecer com Morreste-me, redigido entre Maio de 1996 e 1997. O primeiro capítulo foi publicado no suplemento juvenil do Diário de Notícias, DN Jovem, a 7 de Maio de1996. Na sequência de um prémio atribuído pelo instituto Português da Juventude e do Clube Português de Artes e Ideias, o texto integral foi incluído na Colectânea de Textos Jovens Criadores 98.

Morreste-me guarda dentro de si a enorme tristeza de quando se perde uma pessoa muito, muito amada, de quando nos despedimos de quem nos ensina a gatinhar, a comer, a fazer os trabalhos de casa, de quem nos ensina a viver: o nosso Pai. A memória do Pai está presente em todas as páginas deste livro com uma emoção, com uma ternura, com uma alma, com uma intensidade, com um choro, com carinho, com nostalgia, com palavras, palavras, palavras, palavras que marcam, que entristecem, que fazem chorar. A infância, o crescer, os dias com o Pai que está bom de saúde, o Pai que já não está mais bom de saúde e que já está no hospital, as horas incontáveis que demoram anos a passar no hospital, a dor, a esperança, as boas e as más memórias passadas com o Pai. Até ao dia em que o corpo do Pai deixa de existir e só a alma vive.

“Mas a memória guarda-me o teu cheiro, as tuas mãos e o teu sorriso. Olho ao espelho e vejo o teu nariz. Olho para as mãos da mãe e vejo as tuas unhas. Estás em nós e eu estou em ti. Eu jamais seria eu sem a tua presença constante na minha vida”. É difícil  encontrar tanta emoção num livro tão pequenino. Mas ele é grande, muito grande. Muito grande.

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