segunda-feira, 4 de julho de 2011

Russian Circles «Geneva»


Em círculos gira a música hipnótica que o colectivo de Chicago debita nos sete temas do seu terceiro longa-duração. Num mercado cada vez mais saturado de cópias, plágios e falta de originalidade, lá vão surgindo corajosos capazes de criar música com dedicação, chama e sentimento, preferindo afastar-se da moda que o determinado género musical em que se inserem navega. A Estética, enquanto ciência privilegia o estudo do belo; a Música, enquanto arte, devia preocupar-se também com a beleza, de vez em quando.

As primeiras batidas, os primeiros acordes das guitarras e a psicadélica do baixo bem distorcido de Fathom têm o dom de criar um ambiente denso e extremamente pesado na cabeça do ouvinte; é impossível ficar indiferente à hipnose dos tempos e contra-tempos que enrolam, ao bom estilo de Catch Thirty-Three, a primeira faixa de Geneva, prolongada pela graça e atmosfera daquele “delay” das seis cordas e do coração pulsante e acelerado da bateria de Dave Turncrantz nos dois temas seguintes. Depois da neve dos invernos rigorosos que se fazem sentir em na fria Genebra, a primavera de Hexed All chega harmoniosa e singela, transbordando paz e calma.

Descrever o som dos Russian Circles é uma tarefa que, à partida, é simples de executar. Longas músicas no geral, ausência de vozes, batidas suaves remetem automaticamente para o post-rock e o sem número de bandas que exploram o género sem graciosidade ou alma; negar que o trio retira influência no género que tanto vem associado a Sigur Rós, Pg.lost, Tortoise ou até mesmo Swans, seria incorrecto. No entanto, julgando pela variedade de melodias, ritmos, peso, instrumentos (violino, violoncelo, piano, etc), criatividade e mesmo até algum virtuosismo evidenciado neste e nos anteriores registos, seria um pouco redutor catalogá-los dessa forma. Há aqui claras referências a Tool, Pelican, rock progressivo e (a matemática de uns) Meshuggah que devem ser apontadas.

Apesar de o próximo registo estar agendado para o final deste mesmo ano, Geneva é um disco que tem a obrigatoriedade de rodar vezes sem conta até que a banda lance material novo. O passado da banda assegura qualidade para o sucessor deste álbum.

8.5/10

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