domingo, 11 de dezembro de 2011

Josh Bazell «Beat the Reaper»


Josh Bazell tornou-se muito recentemente num valor seguro da nova literatura transgressiva, politicamente incorrecta, crua e com aroma a thriller norte-americana. O sucesso do seu debut está a ser tal que os seus direitos para adaptação ao cinema foram já adquiridos e teremos Leonardo DiCaprio no papel de Pietro Brnwa, um ex-membro da máfia italiana de Nova Iorque, agora médico num hospital em Manhattan.

Pietro chegou um dia a casa dos seus avós para os ver no chão brutalmente assassinados e jurou que teria a sua vingança. Para isso, conheceu o seu amigo Adam, filho de um membro da máfia de Nova Jérsia que o acolheu como seu filho e cedo o iniciou na vida de “hitman”; uma vez alcançada a sua vingança, Pietro continua a executar mais alvos até que chega a um ponto em que decide não ter mais condições para prosseguir com aquele estilo de vida perigoso. Ponto em que conhece o amor da sua vida. No entanto, e como já se viu em centenas de filmes sobre gangsters, nunca se pode confiar em ninguém e, uma vez dentro da máfia, é quase impossível dissociar-se da mesma. Em troco da sua liberdade, a personagem principal assiste novamente ao assassínio de alguém que ama, neste caso a sua namorada. Este foi o preço a pagar e o agora Dr. Peter Brown quer fazer novamente justiça.

A escrita de Bazell é meticulosa e agressiva, explicando detalhes e curiosidades sobre medicina que passam despercebidos ao dia-a-dia de qualquer pessoa, mas, por sinal, é possível construir uma faca com um osso alojado algures entre o nosso tornozelo, tíbia e o gémeo. A linguagem alterna entre o comovente e carinhoso e o rude e explícito, dependendo da situação em que as personagens se encontram. Enquanto doutor, Pietro/Peter é um médico muito ligado aos seus pacientes, sempre preocupado com os mesmos, apesar de ele mesmo não o admitir. Por outro lado, quando despe a bata, ele é um ser humano calculista que se orienta pelo sangue frio que corre nas suas veias. Bazell consegue estabelecer uma relação de empatia entre o drama da vida da sua personagem, desde os tempos em que os seus avós foram prisioneiros de Auschwitz, a aprendizagem gangster e a caça aos responsáveis pelas mortes daqueles que encheram de felicidade o coração de Pietro. Toda a narrativa decorre num só dia: a saída de casa e um dia de trabalho no hospital. A estória é alternada com “flashbacks” que recuam à vida criminosa e amorosa, constituindo estes momentos o ponto alto da obra e, acredite, vai ter pena de muitas situações que se passaram com o jovem Brnwa e o adulto Brown.

Beat the Reaper é uma corrida furiosa contra uma morte que pode aparecer em qualquer esquina ou em qualquer quarto do hospital. Os acontecimentos chocantes acontecem em cadeia e o final de cada capítulo cria um forte impacto - sempre inesperado - que o mantém agarrado ao livro num thriller genuinamente bem escrito e transgressivo. Por outras palavras, espere um argumento com várias voltas e reviravoltas a cada página que leia.

Nota: esta crítica foi baseada na leitura da obra no seu idioma original, o inglês.

2 comentários:

  1. Pô meu chapa, vou procurar esse livro em editora brasileira. Bah, juntou dois assuntos que sou fã, mafia e anti-heróis. Na real máfia eu deixei um pouco pra trás, mas essa tua resenha realmente me sensibilizou e vou pesquisar certo.

    Valeu.

    “The tramp mind”
    Site Oficial: JimCarbonera.com
    Rascunhos: PalavraVadia.blogspot.com

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  2. Olá, Jim

    Creio que o livro não se encontra publicado em português. De qualquer das formas, a linguagem não é complicada, exceptuando as explicações clínicas que o autor aplica.

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