sábado, 17 de março de 2012

Francis Scott Fitzgerald «O Grande Gatsby»


De há um tempo para cá, tenho andado entretido nos grandes clássicos da literatura da Relógio D'Água, editora que tem um catálogo que muito aprecio e que tão boas horas de leitura me tem proporcionado. Decidi ler algo norte-americano, algo que muitos me tinham recomendado e que, confesso, pessoalmente há muito que tinha intenções de ler: Francis Scott Fitzgerald. A curiosidade no autor era redobrada muito graças a um grande filme adaptado a partir de um conto seu a que assisti, de seu nome O Estranho Caso de Benjamin Button.

Nascido no Minesota em 1896, Fitzgerald fez parte da chamada “Geração Perdida”, movimento literário-cultural de intelectuais norte-americanos expatriados e combatentes na Primeira Guerra Mundial, do qual sobressaíram também nomes como os de Ernest Hemingway, T. S. Elliot ou o nosso John dos Passos. A obra passa-se precisamente no pós-guerra e numa sociedade norte-americana onde o “american dream” se fazia sentir graças ao aumento da economia e do nível de vida da sociedade dos Estados Unidos, época onde vigorou a proibição do álcool. A personagem principal é Nick Carraway, um jovem de 30 anos que serviu na grande guerra e regressa para viver no West Egg, Long Island, numa casa vizinha da faustosa mansão do poderoso e “bon vivant” Jay Gatsby, um magnata de origens humildes que também esteve na frente de batalha e que subiu na vida fruto do contrabando de álcool. 

Paralelamente à boa relação de amizade e respeito entre Nick e o Grande Gatsby, temos o casal Tom e Daisy Buchanan e a amiga Jordan Baker. Tom, um magnata conservador com ideias racistas, casou com o grande amor da vida de Gatsby, a bela e sonhadora Daisy, mas mantém uma relação extra conjugal com outra mulher. Daisy, que tem conhecimento das traições do marido, manteve uma relação próxima de Gatsby até que este foi para a guerra e deixaram de se ver; apesar da distância e dos anos que passaram, ambos reacendem a chama amorosa no momento em que Nick passa a frequentar as festas do vizinho e lhe conta um pouco da vida deste. Uma vez todos juntos, desenvolve-se uma narrativa de alguma tensão e atritos entre Tom e Gatsby que se vêm agora envolvidos na luta pela mesma mulher que ambos juram amar.

Fica a ideia de um retrato fiel da extravagante sociedade de consumo nova iorquina e, acima de tudo, uma bonita história de amor entre um enigmático milionário que tem tudo na vida, excepto o amor de uma mulher que se casou com outro homem. Fica a nítida sensação de que falta um aprofundar das relações entre todas estas personagens – ou pelo menos uma maior descrição das mesmas - e uma maior detalhada situação da vida de Jordan, que é golfista profissional e pouco mais nos é revelado sobre ela. Apesar de por vários momentos eu ter desejado que o narrador fosse mesmo Gatsby para que a misteriosa vida do mesmo fosse desvendada, Nick Carraway é o condutor perfeito da energia que faz a ponte entre o leitor e o milionário.

Um óptimo romance típico da grande literatura norte-americana de autores do início do séc. XX que me acompanhou durante esta semana que passou. Não teve o impacto que a imprensa literária alega, nem é seguramente se me revelou como o melhor romance norte-americano que li até hoje, mas que mesmo assim prova que é uma boa obra merecedora de leitura cuidada.  

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