quarta-feira, 25 de abril de 2012

Agustina Bessa-Luís «A Sibila»


Esperava um pouco mais de uma escritora tão bem referenciada como Agustina Bessa-Luís o é. Ou pelo menos, contava com algo diferente, algo mais trabalhado, algo mais complexo e rebuscado, mais ao estilo de Carlos de Oliveira.

Esta autora, nascida a 15 de Outubro de 1922 na região do Douro, conquistou com este mesmo romance os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz, dois dos mais importantes galardões a nível lusófono. É-nos contado neste registo a estória da geração da família Teixeira, ao longo de um século de existência, e a sua vida na casa da Vessada, situada no Douro e Minho. A personagem principal é Maria Joaquina, tratada por Quina, que é apelidada de sibila – mulheres proféticas da mitologia grega e também romana – pela sua força, carácter e determinação com que governa o seu espaço e os que a rodeiam, estando sempre disponível para dar a mão a quem precisa de ajuda.

Cronologicamente, a narrativa alberga o final do séc. XIX até meados do séc. XX – o livro foi escrito em 1953 e publicado um anos mais tarde – e relata os tempos de Maria e Francisco Teixeira numa primeira parte, e Quina, os irmãos e os sobrinhos noutra; o romance inicia-se precisamente no final do século passado com Germa, sobrinha de Quina, à conversa com Bernardo e recordar o passado da família. A partir daí, Agustina Bessa-Luís entra numa viagem pelo Portugal rural que estava a sofrer os efeitos da urbanização e mudança social - ainda que de forma muito lenta -, representada por Bernardo e pacialmente por Germa. Quina, sempre descrita como uma mulher do povo, forte e governada, terá algumas semelhanças com a própria autora, creio eu. 

Uma geração que assistiu à instauração da República de 1910 e que passou pelo Estado Novo, ainda que as referências ao fascismo não abundem tanto como seria de esperar, num romance com bastantes referências a grandes pensadores e romancistas britânicos e franceses, escrito com termos que caíram em desuso – muitos próprios do Douro/Minho – num estilo simples e alegre, mas que ficou longe de me empolgar.

4 comentários:

  1. vim só apoiar o seu bom trabalho e deixar um beijinho.

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  2. "A Sibila" é para mim um dos livros mais belos escrito na língua portuguesa. Não para si "o mais belo", mas com certeza suficientemente belo, para não merecer este comentário desadradável.

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