sexta-feira, 18 de maio de 2012

Julio Cortázar «A Volta ao Dia em Oitenta Mundos»


Não é um romance, nem um livro de contos, muito menos um livro de poesia ou uma colectânea de contos. É um pouco disto tudo e muito mais: é um conjunto de lições de vida.

Nascido em Bruxelas, em 1914, mas com nacionalidade argentina – e posteriormente também francesa -, Júlio Cortázar é um dos autores de língua espanhola mais reconhecidos a nível mundial e um dos expoentes da literatura latino-americana, de onde se ressalva sempre Rayuela e esta volta ao dia. Dedicou grande parte da sua vida à literatura e filosofia, de onde manteve sempre uma posição crítica perante aquilo que os media elogiavam, optando o autor por quebrar com o “establishment” literário, por via da sua narrativa moderna e invulgar. Ficou sobejamente famoso pelos seus contos e pela criação de cronópios, famas e esperanças, nomenclaturas que se referem essencialmente ao nosso modo de estar perante a sociedade: cronópios são os relaxados, famas aqueles são demasiado prudentes e tensos e as esperanças, bem essas são pessoas dependentes de outrem que vivem do medo.

A Volta ao Dia em Oitenta Mundos é uma divertida obra que se debruça por várias temáticas, de entre as quais a literatura, a política, a França, a Argentina, a pintura, a poesia e a música; neste trocadilho de palavras influenciado por Júlio Verne e o seu famoso livro A Volta ao Mundo em Oitenta Dias, Cortázar salpica uma narrativa marcada pelo humor – por vezes – corrosivo e também pela consciencialização perante as temáticas sobre as quais ele escreve, divagando quase sempre pela exultação do espírito cronópio e pela crítica aos famas (as esperanças não aparecem assim tanto) ao som dos grandes nomes do jazz norte-americano, movendo a caneta com a força dos punhos com que Sugar Ray Allen venceu os campeonatos de boxe e, claro, com aquela inspiração tipicamente argentina de Jorge Luís Borges. 

Extremamente bem escrito e quase sempre auto-biográfico, este livro romance/ensaio/crónicas/poesia/etc é uma forma diferente de ver o mundo através dos olhos de Julio Cortázar.

2 comentários:

  1. Ler Cortázar é uma experiência muito peculiar. Tenho ótimas lembranças de Rayuela, e ainda guardo Todos os fogos, o fogo para algum dia de inverno. Este livro que você comentou parece ser uma boa pedida também.

    Abraços

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  2. Bom dia,

    Sim, tenho a certeza de que iria gostar muito de ler esta Volta ao dia :)

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