sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Radiohead «OK Computer»


Dentro de um contexto musical norte-americano do grunge rock de Seattle e de bandas como Alice In Chains, Nirvana, Stone Temple Pilots, cujas vendas de álbuns atingiam números impressionantes em termos globais, o Reino Unido não conseguia apresentar uma resposta ao fenómeno da flanela e all-star. No entanto, havia uma banda no sul de Inglaterra que a pouco e pouco estava começava a cimentar a sua fama e qualidade musical: os Radiohead.

“Hits” como Creep ou High and Dry – tirados respectivamente dos discos Pablo Honey (1993) e The Bends (1995) – catapultaram a banda liderada pelo enigmático Thom Yorke para um patamar de algum estrelato e, acima de tudo e isso bem mais importante, para uma banda de rock alternativo/independente que geográfica e musicalmente afastada do noroeste norte-americano, apresentava discos com uma solidez assinalável – sem muitas entrevistas ou grande promoção por parte da banda, que apesar de estar em editoras “major”, sempre soube ser fiel aos princípios de anti-comercialismo dos Sonic Youth e Swans.

Em 1997 a banda lança finalmente aquele que é unanimemente reconhecido como um dos grandes discos da década de noventa: OK Computer. Aqui nota-se perfeitamente um aumento de intensidade e um ganhar de uma identidade muito específica da banda, na simples medida em que os Radiohead passam a soar iguais a eles mesmos, sem grandes cópias/colagens a outros grupos, como infelizmente se vai passando na indústria musical. As linhas que traçam esta importante obra cosem-se pelo pop melódico, pelo rock distorcido, pela experimentação e um pouco pela electronica, com bastantes alterações de ritmos durante as músicas.

Paranoid Android é, por exemplo, uma faixa que dificilmente encontraríamos nos anteriores registos de estúdio da banda, pois entra numa toada variadíssima recheada de “crescendos” e de quebras de ritmo alternadas com dois solos psicadélicos de guitarra, acompanhados por um registo vocal com grande presença, ainda que melancólico (aquela voz que bandas como Muse tentam copiar descaradamente). Karma Police quebra um pouco com a melancolia presente ao quase de todo o disco, a nível da voz e das letras, pois como o título indica, retrata o "karma" e as consequências das nossas acções, puníveis com uma polícia. O psicadelismo de Climbing Up the Walls e a melodia contagiante de No Surprises são outros exemplos de bons temas inseridos num álbum que aborda temas como a sociedade disfuncional, as políticas conservadoras do Reino Unido em particular e o consumismo desenfreado.   

OK Computer é, como referido atrás, um dos discos mais importantes da década de noventa e um registo musical demasiado importante para que seja ignorado ou ouvido menos que umas boas cem vezes. Cada audição revela novos pormenores, novas formas de se sentir o álbum com a mesma intensidade com que as mentes constituintes da banda o escreveram. Os cinquenta e três minutos de OK Computer oferecem uma viagem invulgar ao enigmático e peculiar mundo da música como arte.

9.5/10

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