sábado, 19 de março de 2011

Deicide «The Stench of Redemption»


Primeiro trocam-se guitarristas, depois mudam-se sonoridades. Aconteceu com os Deicide e com outras bandas (os Carcass deixaram o death/grindcore em prol do death metal melódico). No grupo de Glen Benton saíram os irmãos Hoffman e entraram Ralph Santola (Death, Obituary, Iced Earth, etc) e Jack Owen (ex. Cannibal Corpse). O primeiro saiu dos Iced Earth para ir trabalhar no programa televisivo de Howard Stern, o segundo saiu dos aficionados do “gore”, alegando estar farto de tocar death metal e vontade de se dedicar ao country. O que é certo é que, poucos meses passados após o abandono dos Cannibal Corpse, Owen entra como segundo guitarrista de sessão, ao lado de Dave Suzuki.

The Stench of Redemption foi tudo menos a redenção da banda da Florida, pelo facto de que este é simplesmente o melhor álbum que a banda gravou desde Once Upon The Cross - esse álbum amplamente elogiado pela crítica e pelos próprios fás da banda, que não gostaram muito do que se seguiu a esse registo. Apresentando uma boa produção, este álbum apresentou mudanças significativas em relação a Scars of the Crucifix. Com a introdução de Ralph Santola, esperava-se realmente algo de novo, refrescante, mas pessoalmente não esperava que o guitarrista fosse trazer o legado da sua participação nos Death e o toque solista nos Iced Earth. Sem pedir licença, o Sr. Santola não se importou de injectar melodia e solos criativos logo na primeira faixa, The Stench Of Redemption (imaginariam alguma vez algum Hoffman a fazer um solo de, aproximadamente, um minuto e quarenta e cinco segundos?). Mas não foram só solos, foram riffs extremamente criativos e trocadilhos extremamente bem cozinhados, como no caso das notas introdutivas em Death to Jesus e o desenrolar do ritmo de Crucified for Innocence, servidos num restaurante de grande classe. 

Através da melodia típica da fase final dos Death e a fase melódica de uns Carcass, esta rodela sofreu um grande “boost” de alguma originalidade. Mesmo assim, há também canções mais fiéis ao passado da banda, mais vincado em Homage for Satan (o single de apresentação, cujo vídeo chegou a ser banido em vários países), onde Benton assume um tipo de voz carregada de efeitos, totalmente inspirada em filmes satanistas ou de terror, como no caso d’O Exorcista. Este tipo de voz por vezes chega a irritar um pouco, assim como a sua falta de jeito para tocar baixo; no entanto, a bateria está em grande plano, e Steve Asheim nunca soou tão bem como neste registo.

Scars of the Crucifix foi o tónico na carreira que os Deicide tanto precisavam, recuperando-lhes muita da credibilidade que se perdeu nos registos Insineratehymn e In Torment in Hell, lançados após Serpents of the Light. Este álbum, sem se afirmar totalmente como death metal melódico, foi o nó na gravata que ficou por dar no fato usado no crucifixo de 2004.

8.5/10

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