segunda-feira, 14 de março de 2011

John Williams «Cardiff Morta»


Cardiff Morta (no original Cardiff Dead) é um romance, da autoria de John Williams, que retrata a cidade de Cardiff no período de 1981 a 1999. Williams, também ele galês, oferece-nos aqui algo que inúmeros escritores britânicos e americanos já nos ofereceram e ainda vão oferecendo com qualidade: o crescer de uma zona e o recordar dos anos de ouro dessa mesma área. 

O problema é que John Williams explora essa temática de forma demasiado previsível e tenta colar-se em demasia a outros autores. A narrativa centra-se em Mazz – a personagem principal – e o seu regresso a Cardiff, depois de se ter ausentado em Londres, Inglaterra. Mazz regressa ao descobrir que Charlie Unger, um dos seus melhores amigos, figura do boxe do País de Gales e pai da sua ex-namorada, morreu e ficou uma semana no seu apartamento até ser encontrado. 

O autor usa a morte de Charlie como pretexto para recordar a Cardiff do início da década de 80 até ao final da década de 90. Mazz, que já não tem os seus 20 anos, fez parte dos Wurriyas, uma banda de ska de onde também faziam parte o skinhead Emyr e Tyra (filha de Charlie). Durante um curto período, os Wurriyas foram uma referência musical da cidade (chegaram mesmo a gravar um álbum) e fizeram inclusive uma turné pelos Estados Unidos. Este foi, para Mazz e todas as personagens da banda, o período mais feliz das suas vidas. 

Vinte anos volvidos, há a hipótese de reunir os Wurriyas, mas para que isso se possa realizar, há que encontrar Emyr que, curiosamente, foi umas das últimas pessoas a que esteve com Charlie, antes de este morrer. As constantes analepses remetem para a época em que Tyra e Mazz eram namorados, para a época em que as docas de Cardiff eram frequentadas por vários tipos de raças, onde a cultura ska/reggae predominava como expressão cultura. Agora, em 1999, Emyr não é mais um skinhead. Em vez disso, é um surfista que Mazz tem que encontrar para tentar resolver a morte de Charlie. Um dos pontos altos do livro é o desmistificar o preconceito habitual de que um skinhead é racista. Bem pelo contrário, os skinheads eram pacíficos, ouviam Bob Marley e havia muitos negros na cena.

Enquanto obra, Cardiff Morta roça o banal em todos os aspectos. Não há aqui nada que não se tenha visto no legado de Jack Kerouac ou Charles Bukowski; o livro é uma tentativa falhada e muito forçada de exploração das drogas e sexo. Até os palavrões aparecem descontextualizados, muitos deles parecem saídos de um filme barato de terror para adolescentes. Três pontos que passaram ao lado do País de Gales.

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