quinta-feira, 27 de setembro de 2012

«A Lula e a Baleia»


Noah Baumbach tem-se revelado um realizador/argumentista com talento mais que suficiente para fazer coisas interessantes no futuro, julgando pelo sucesso de Um Peixe Fora de Água e este A Lula e a Baleia. Ainda desconhecido do grande público, a aventura do Capitão Zissou marcou pontos na área dos dramas independentes e esta película veio apenas reforçar ainda mais os seus créditos.

Baseado em eventos que marcaram a vida de Baumbach, o filme passa-se em Brooklyn no final dos anos 80. Narra a vida da família Berkman, que aos poucos se vai despedaçando sem que as personagens se apercebam disso, levando finalmente ao divórcio dos pais e consequente batalha pela custódia e conquista do amor dos filhos. Bernard, o chefe da família, (Jeff Daniels, Doidos à Solta) é um professor de literatura e um romancista que se vê sem criatividade para escrever e pouco empenho e vontade de dar aulas, Joan (Laura Linney, Mystic River) a esposa insatisfeita, acaba de escrever um romance que lhe outorga elogios de amigos e críticos, Walt (Jesse Eisenberg, A Rede Social, Bem-vindo à Zombieland), o filho mais velho, é um adolescente inseguro, ainda que ele se tente convencer disso, e Frank (Owen Kline, Uma Casa, Uma Vida), o filho mais novo de 12 anos que está a descobrir a sexualidade.

Bernard é o patriarca autoritário desta família, pois põe os filhos em aulas de ténis contra a vontade destes – e curiosamente, quando Frank decide envergar por uma carreira profissional de tenista, Bernard é o primeiro a contrariá-lo -, decide aquilo que a família deve ou não ler e apelida de filisteus aqueles que não lêem; Joan, ao sentir que as coisas não melhoram e que o amor para com o marido é meramente formal, trai-o com Ivan (William Baldwin, Linha Mortal), o professor de ténis dos filhos. O divórcio surge de formal natural, sem qualquer tipo de zangas, e Joan e Bernard chegam à conclusão que ele deve alugar uma casa no mesmo bairro e que os filhos dormem um dia na casa de Bernard, outro dia com Joan – incluindo o gato da família. Como é óbvio, isto cria tensões e um clima de posse, para não falar de algum distanciamento entre os filhos e os pais, visto que Frank e Walt têm os seus problemas de adolescentes para resolver: Walt, a conselho do pai, decide testar o poder que tem sobre a namorada – que ele acreditar ter, isto é - e Frank descobre o mundo da masturbação. No fundo, Bernard incute e impõe um pseudo-intelectualismo na família, ignorando que a está a fragmentar.

A Lula e a Baleia é um drama alegre com momentos deveras descontraídos, inserindo-se num cenário e tempo extremamente adequados à temática em que a película se insere, contando ainda, claro, com prestações muito boas de um elenco que tem um desempenho enorme em determinadas situações – por exemplo, quando Walk plagia na íntegra um tema dos Pink Floyd e o toca perante a família e a escola, sem que ninguém se aperceba da cópia. Um filme a não perder, claro.

Título original: The Squid and the Whale
Realização: Noah Baumbach
Argumento: Noah Baumbach

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