terça-feira, 2 de outubro de 2012

«Balas e Bolinhos – O Último Capítulo»


O grande campeão de bilheteira e o maior sucesso do cinema português dos últimos é a terceira e derradeira parte da saga de Tone (Luís Ismael), Rato (Jorge Neto), Culatra (J.R. Duarte) e Bino (João Pires). O Último Capítulo fecha a trindade de muitos palavrões e aventuras sem nexo de quatro indivíduos à procura de tesouros e dinheiro.

Como é óbvio, este não pode ser o futuro do cinema português, mas já lá vamos. Há que deixar bem claro que este registo roça o humor barato: insultos, palavrões, javardices e mais palavrões; repesca muitas expressões dos outros dois capítulos, retoca algumas e repete novamente a fórmula - dito isto, o filme não tem na originalidade o seu ponto forte. Mais uma vez, tal como sucedeu no capítulo anterior, as quatro personagens encontram-se acidentalmente e têm vidas diferentes: Tone regressa da China com o espírito interior desenvolvido e sabe lutar kung fu, Rato é cantor pimba, Culatra é médico e Bino é animador de rua. Reúnem-se todos para encontrarem o dinheiro de uma mala misteriosa, mas desconhecem que esta se encontra nas mãos da poderosa máfia chinesa, portanto todo o cuidado é pouco… ou não. É esta a estória do filme. Não, espere: paralelamente, Tone tem que encontrar um fígado para o pai. 

Balas e Bolinhos é uma experiência descontraída que não o obriga a usar a sua massa cinzenta, bem pelo contrário: divirta-se com as piadas previsíveis dos intervenientes. Conhecidos do grande público também marcam presença neste registo, como é o caso de Jel, dos Homens da Luta, ou Fernando Rocha – complicado seria mesmo pedir humor inteligente do género de Seinfeld ou Monty Python, mas é o que há -, conferindo ao filme uma maior longevidade. A longa duração é outro dos problemas encontrados aqui: quase duas horas de filme com má língua e pancadaria tornam o filme aborrecido. O humor de Balas e Bolinhos – O Último Capítulo é do mais básico que existe: “paneleiro”, “filho da puta”, “boi” ou “foder” ouvem-se com bastante frequência e prometem irritá-lo ao fim de algumas cenas – por mim falo, claro.

No entanto, não desgostei do filme. Podia estar mais variado um bocadinho, com palavrões mais originais, claro, mas é o que se podia esperar do último capítulo desta saga. Jorge Neto tem potencial para outro tipo de voos, já agora.

Realização: Luís Ismael
Argumento: Luís Ismael

4 comentários:

  1. Simão, mas para si o filme resume-se aos palavrões?
    Não entendo. E se as personagens dissessem Fuck ou Mother Fucker era mais credível ou menos irritante?
    Eu vi o filme para além dos preconceitos banais do vernáculo.
    O Povo fala assim! Quer se goste ou não! E é por isso que muitos portugueses gostam do filme.

    Carlos S.

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  2. Bom dia

    Não, não tenho nada contra os palavrões, acredite! Quando em doses desmesuradas, creio que perde a piada e cai no facilitismo, só isso.

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  3. Já experimentou contar os palavrões num filme do Tarantino.
    Ficará surpreendido.

    Carlos S.

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  4. Creio que não percebeu o que eu tentei transmitir; para além de que os filmes de Tarantino têm, geralmente, uma estrutura sólida com cruzamentos de diferentes estórias. Mas como são géneros diferentes, não podemos comparar A com B quando A e B são de categorias distintas; Quanto ao humor, e acredite que me ri perdidamente em muitas situações de B&B, prefiro algo de diferente, mais elaborado.

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