Depois do caos do EP Transfer Trachea Reverberations from Point: False Omniscient e do álbum de estreia Within Dividia que se inserem na categoria mathcore, o melhor mesmo que estes canadianos teriam para oferecer dar-se-ia pelo nome de Elementary, em 2007. E que oferta…
Aquilo que os Dillinger Escape Plan, Converge, Nostromo, The Number Twelve Looks Like You ou até mesmo os Daughters na fase Canada Songs andavam a fazer, certamente que ajudou a criar o estilo musical mencionado no primeiro parágrafo: batida grindcore, grandes doses de noise, ritmos dissonantes e, screamocore nalguns casos, Fantômas noutras. No entanto, apenas as grandes bandas sabem se transcender em detrimento da rotina. Elementary exibe um grupo de jovens músicos que souberam guardar as qualidades técnico-musicais dos primeiros lançamentos, combinadas com um som menos frenético e exibicionista e uma franca enorme costela roqueira.
A primeira grande mudança facilmente constatável em relação ao registo prévio dá-se na forma de cantar de Aaron Wolfe; arranha as cordas vocais em vários momentos, mas os mais intensos e mais belos são quando esplendorosamente deita cá para fora uma voz limpa, suave e nasalada, ao bom estilo de um Tommy Giles Rogers (Between the Buried and Me), Jeffrey Moreira (Poison the Well) ou até mesmo um Chino Moreno (Deftones) naquele monumento intitulado White Pony. Animals ainda ameaça um regresso aos tempos em que a banda soava um pouco a Calculating Infinity, este mesmo tema desagoa nas melodias vocais e instrumentais que compõem o esqueleto do disco. Dangerous, a primeira faixa, choca com o mathcore e aproxima a banda de um tipo de rock tecnicista que muitos designam por math… rock e riffs bem mais do género metal progressivo que não abundavam em Within Dividia, soando também um bocado a Tool em determinados aspectos. A bateria de Anthony Salajko não só ficou muito bem gravada e produzida, como igualmente se aproxima daquele estilo peculiar e preciso que Danny Carey emprega em todos os álbuns.
Em Elementary tudo está longe de ser elementar. As letras são belas e todos os temas, ainda que obedecendo a uma estrutura que assenta numa toada lenta - alcança mesmo o pop/rock indie (The Moth and I) – mostram um sentimento invulgar nas vocalizações que podem induzir o ouvinte em erro no que ao instrumental diz respeito: o “problema” maior mesmo prende-se com a caixa torácica de Wolfe que ofusca os pormenores técnicos dos companheiros (In Distress, My Abyss). No meio de tanto tema de grande calibre, sugiro The Never Aftermath, Awake? e os nove minutos acústicos de And Always…
9/10
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