sexta-feira, 9 de setembro de 2011

The Black Dahlia Murder «Ritual»


«Somos apenas miúdos “emo” a tentar tocar death metal», disseram eles numa entrevista há muitos anos atrás, numa altura em que poucos adivinhariam a violência sonora que este quinteto tinha para espalhar. Volvidos oito anos após o “debut” Unhallowed e os já clássicos Funeral Thirst, Contagion e Elder Misanthropy desse mesmo álbum - entre outros -, o grupo conseguiu criar sempre temas fortes em todos os lançamentos que procederam a estreia de 2003. 

Houve alguma preocupação em torno da saída do guitarrista John Kempainen, que tinha participado nos três primeiros álbuns, prontamente substituído pelo jovem guitarrista Ryan Knight dos Arsis, banda conhecida pelo (igual) abuso de melodia e técnica. Esta nova adição fez-se notar de imediato em Deflorate e creio que sobressai neste novo disco ao nível dos solos, “shredding” e riffs que lembram precisamente o passado de Knight na sua anterior banda (boa prestação em We Are the Nightmare, de 2008); a nível geral, este registo está fiel às raízes do grupo ainda que com algumas alterações: Knight teve certamente liberdade total na guitarra. 

A dupla de seis cordas Knight e Brian Eschbach flui naturalmente ao longo de doze temas (curiosamente é a primeira vez que temos doze canções em vez das habituais dez) com uma boa descarga de tecnicismo e entrosamento bastante saudável, auxiliados pelo baixo de Ryan Williams, relembrando-me os bons velhos tempos da “tripla terrível” Anders Björler, Jonas Björler e Alf Svensson, que fizeram história nos At the Gates ou mesmo até Andreas Axelsson, Sami Nerberg e Anders Lindberg, que gravaram os dois primeiros discos dos saudosos Edge of Sanity – não querendo, de forma alguma, comparar The Black Dahlia Murder com as duas referidas bandas suecas, que fique bem claro. Ritual apresenta-se um pouco diferente do passado nalguns momentos do disco, designadamente nos riffs mais polidos e maior espaço para os já referidos “shredding” e solos harmoniosos das guitarras que obrigam a transições e compassos de tempo mais demorados quando Knight aplica a sua dose de virtuosismo – Moonlight Equilibrium e On Stirring Seas of Salted Blood são um bom exemplo disto mesmo; adicionalmente, há momentos acústicos de guitarra e um piano em Carbonized in Cruciform que funcionam bem.

Em termos gerais, o disco está em bom plano e segue o liricismo sanguinário dos cemitérios, zombies e necro-romantismo da voz arrasadora e raivosa de Trevor Strnad e da leveza de membros frenética de Shannon Lucas na bateria. Os pontos mais fracos são, a meu ver, Malenchanments of the Necrosphere, Blood in the Ink – que bela faixa que ficaria sem os adornos sinfónicos… -, ao passo que existem temas que ficarão na memória (The Raven, A Shrine to Madness, Den of the Picquerist, The Grave Robber's Work). Os apreciadores de secções rítmicas que dão primazia a solos elaborados e limpos irão apreciar Ritual bem mais que aqueles que preferem a sonoridade de Miasma, por exemplo.

7.5/10

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