quarta-feira, 14 de setembro de 2011

«White Irish Drinkers»


Brooklyn, 1975. John Gray pinta o retrato de várias famílias irlandesas que imigraram para os Estados Unidos e sentiram as dificuldades de triunfar num país que defende apenas os seus ideais e faz a vida dura a quem aspira a algo mais que recolher lixo e trabalhar num restaurante fast food. No meio de tantas famílias temos a família de Brian (Nick Thurston) e Danny Leary (Geoffrey Wigdor).

Crescidos num ambiente familiar disfuncional e com pais que fazem parte da classe operária, Danny (o irmão mais velho) dedica-se a assaltar lojas e a roubar pessoas, vendo nisso o seu e o futuro de Brian que, ao contrário do irmão, tem um talento que esconde de todos e se sente mal ao seguir as pisadas do irmão. Stephen Lang e Karen Allen interpretam o papel dos pais, uns pais que esperam que os filhos se safem por conta própria e algo negligentes, embora Allen se mostre afável nalgumas cenas; Lang trabalha nas obras e vê na bebida o escape para todos os seus males e dificuldades, ponde constantemente de lado o futuro dos filhos, o amor da esposa e batendo com frequência em Danny. Apenas Danny.

Apesar do feitio duro de Danny, na realidade este é sensível e preocupa-se com o irmão desde que eram os dois pequenos e Brian tinha medo do escuro. Ao contrário do que lhe sucede com frequência, Danny não quer que o pai bata no seu irmão – embora se questione a razão de apenas ele levar porrada; acredita também que a criminalidade é o seu único caminho e sente-se preso à casa onde vive e ao pai severo que o agride. Brian, por outro lado, trabalha num cinema perto de sua casa e sente-se mal a roubar. No entanto, o enredo vai-lhe colocar uma questão que ele vai ter que escolher: Whitey, o seu patrão, arranjou maneira de trazer os Rolling Stones a actuarem no cinema e conta com Brian para controlar o dinheiro; Danny, ao saber do concerto e da facilidade que Brian tem acesso à receita do evento, engendra um plano para escapar com o dinheiro para bem longe de Brooklyn.

Como referi no segundo parágrafo, Brian tem um enorme talento. Na cave da sua casa, Brian é um talentoso pintor digno de frequentar uma grande universidade de artes; naquela cave e ao som do rock ‘n’ roll, Brian abstrai-se da agressividade e alcoolismo do pai, das infracções do irmão e da passividade da mãe. Naquele recanto da casa, há transcendência. Desinteressadamente, Brian acaba por enviar alguns dos seus quadros para avaliação numa universidade em Filadélfia que o contacta precisamente na altura em que este se sente pressionado e tentado a roubar o patrão e fugir com o irmão. A caracterização das personagens está bem razoável e nota-se perfeitamente que Nick Thurston tem futuro na sétima arte; no entanto, Geoffrey Wigdor carece de mais impacto enquanto criminoso. Lang, o actor que participou no “blockbuster” Avatar, oferece um sólido desempenho enquanto pai alcoólico.

White Irish Drinkers tem um título que não só descobrirá o porquê do mesmo ao longo do filme, como se aperceberá que é impossível de traduzir para o português. Enquanto drama independente, este filme é um registo agradável que tem na prestação de Thurston o seu ponto mais forte, falhando um pouco na representação da época em que a acção decorre e no já referido papel de Wigdor. 

Realização: John Gray
Argumento: John Gray

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