terça-feira, 4 de outubro de 2011

«Stake Land»


Estados Unidos da América: um vírus infectou a grande parte da população, transformando-a num misto de zombies/vampiros sedentos de sangue e canibalismo. Pequenos grupos que não foram infectados com a epidemia lutam para escapar às garras dos monstros, armando-se até aos dentes com armas de fogo e lâminas bem afiadas, para quando necessário, decapitar ou acertar em cheio no coração das criaturas. Até aqui nada de novo (haverá algo original que possa ser inventado para um filme de zombies?), no entanto, Stake Land tem o seu quê de atractivo na pequena estória que cria e nas relações criadas entre as personagens.

Martin (Connor Paolo) assiste, horrorizado, à execução da sua família, quando um homem misterioso conhecido simplesmente por “Mister” (Nick Damici) aparece e o salva da morte certa. A missão de Mister consiste em atravessar o sul dos Estados Unidos rumo ao norte do continente: o éden canadiano, bem lá acima no norte. Para isso, Martin é ensinado em luta mano-a-mano, utilização de facas e disparo de armas para quando a situação o requerer, ele seja capaz de se desenvencilhar sozinho. Ao longo do seu trajecto, Mister e Martin procuram novos recrutas e, entre eles, junta-se uma freira com pouca fé na salvação e uma jovem grávida. O caos e a falta de esperança encontram-se bem retratados pela equipa de realização, apresentando maioritariamente locais escuros e florestas para captar essa sensação de pessimismo, ao que adicionaram uma seita fundamentalista cristã que julga que a epidemia é fruto da ira de Deus e a salvação reside na aniquilação dos infiéis – aqueles que não seguem os seus mandamentos, claro está.

O filme distancia-se um pouco do habitual festim de gore que é servido num filme desta natureza, privilegiando ao invés de forma rude e contemplativa o desespero que o grupo de heróis enfrenta, deixando sempre margem para uma réstia de esperança no comportamento da maioria das personagens; os Estados Unidos devastados pela luta da sobrevivência são quase genuinamente captados por câmaras que deixam o espectador absorver a queda da civilização e o mal que reina entre os fanáticos religiosos. O objectivo de Jim Mickle parece ser óbvio: puxar pelo espectador, obrigando-o a absorver lentamente as imagens. É neste aspecto que Stake Land se distancia das centenas de filmes de terror medianos que saem anualmente; melhor, da porcaria dos Resident Evils e dos milhões de dólares que a sua criação acarreta.

Graças ao bom desempenho de Nick Damici e Connor Paolo e à realização por parte de Mickle, esta película revela-se bem agradável aos olhos daqueles que pedem mais que gore gratuito e personagens femininas que saíram de uma qualquer agência de modelos. 

Realização: Jim Mickle
Argumento: Nick Damici, Jim Mickle

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